Entre, leia e ouça-me...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Eram, Uma Vez, Inseparáveis...

Toda hora era hora de brincar e de cantar e de rir:
Bricavam de boneca, de adoleta e de pular corda;
E cantavam sorrindo e mergulhando nas melodias;
E riam das coisas bobas, das coisas sérias, das coisas insanas;

Quando então, veio o vilão da história:
Dizem que o nome dele é Distância,
Dizem que o nome dele é Saudade,
Dizem que o nome dele é Tristeza;

Ora, o que o vilão fez foi levar embora;
E ficou sozinha, uma criança, tadinha;
Não, nunca antes ela precisara de lágirmas;
Ingênua, sem saber o que era dar adeus...

-Ah vilão, o coração da criança pequena,
Não deveria sofrer, então não leve, para ficar um pouco mais;
Não deveria doer, então deixe aqui, para brincar um pouco mais;
Não deve esquecer-se daquilo que foi bom, para se amar muito mais:

Deixe estar, vilão,
Que ser poeta é ainda ser criança também...



Para Rachel Branco


terça-feira, 8 de junho de 2010

A camisa que você deixou aqui,

talvez só para ter esta certeza. A certeza de que eu nunca iria esquecer que você foi embora. Você mentiu. Disse que iria voltar... você nunca pretendeu voltar.Mas você precisava ao menos tentar se tornar uma parte em minha vida; porque você entendia que partes são partes e, quando passam, formam um Todo maior. ( Você nunca quis assumir todas as responsabilidades, Amor. E eu me sinto bem, é verdade, assumindo-as com ou para você.) Só que você sempre foi Tudo, nunca uma parte.
O seu perfume, aquele com o qual você impregnou a camisa, eu sei,  foi para fazer lembrar de como foi perfeito o teu corpo e o meu, aproximando... tem o cheiro do nosso amor nas noites mais longas. Pelo menos enquanto distante, você quis ter a certeza de que eu sorriria uma vez ou outra, com tal lembrança. Obrigada, Querido.
Você sabia que eu a guardaria naquele canto, onde você escondeu a aliança, e também os chocolates, bilhetinhos, presentes. A verdade é que o que eu queria mesmo era você e nada, nada mais me faltaria.
E eu sei também, você quase pode contar as noites em claro que eu passaria esfregando-a em meu rosto (como se uma camisa pudesse suprir o afago das tuas mãos em minha face). Ah, e é claro que foi absolutamente previsível pra você que o único líquido que a alcançaria seria aquele salgado, o das minhas lágrimas angustiadas.
Você nunca subestimou o meu amor devoto por você, isso não. Mesmo sem compreender, sabia do medo que eu tinha de te perder. Você sabia que esse era o meu único medo.
- Então, por quê?
Por que não disse logo que era o fim? Teria me poupado tempo. Não adianta, meu Amor, as escolhas são inevitáveis, vão muito além dos anos (eu escolhi você, o problema é meu. A dor e o erro poderiam ter sido só meus, e ponto final.). O tempo não me fez esquecer, se foi isso que você tinha planejado, não.
Mas o tempo me transformou sim, não em alguém melhor ou pior (não importa, realmente, desde que eu fosse sem você), ele fez de mim a expressão viva da falta que você me faz. Eu sou o significado da ausência.
A propósito, ausência não é esquecimento, nem sequer crescimento algum, você se enganou, meu querido. Ausência (mais que a dor, a miséria e vazio - nessa ordem) é a loucura. Loucura que dissolve a sanidade dia e noite, sem cessar.
Saiba então, que você estava certo em quase tudo; e sim, eu te amo mais a cada novo agora.  E, por desacreditar dessa, a melhor (ou pior) certeza de todas, é que você não pode prever: eu quis te livrar de ser Tudo (se eu me tornasse uma parte do nada, e passasse; então não haveria mais culpa pela minha dor)...
Meu amado, o fim que você não pode dar à nossa história, eu o faço por você: 
"A camisa que você deixou, aqui ficou, machada da cor vermelha do meu insano amor ..."



Quem sou eu

Minha foto
Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.