Meu coração está engaiolado
Quer transbordar num voo!
Mas prenderam-no em meu peito
Mas por que este desplante?
Façam-me uma toracotomia!
Libertem o coração libertino!
Deixem, pois, ele partir!
Deixem...
Deixem que ele se derrame naquela esquina...
Deixem que ele faça serenatas naquela janela...
Deixem ele, taquicárdico, ao penetrar naquele pequeno quarto....
Deixem ele imerso naquele lado do colchão...
Deixem ele escrever poesias e até pintar um quadro...
Deixem que ele faça as malas, que ele diga que finalmente encontrou uma paixão...
Deixem-no, deixem-no ir por aí, entregue aos quatro ventos...
(ele há de voltar para mim,
ele há de descobrir, enfim,
que não existe amor
que seja tão fácil
assim.)