Deixou a porta aberta
(para ela entrar)
Recostou-se numa parede qualquer
Seus dedos nas notas a sangrar
(para ela o escutar)
Então, ela a estender-se aos seus pés
Suas mãos a passarem até seu peito
É ela delineá-lo (e seu toque arder)
O violão numa melodia triste
Incicatrizável angustiada
As mãos sobre o pulsar
Ela a deitar nele também sua face
E a ouvir no ritmo a alma
(revelam-se as feridas socadas
para dentro do ser em soluçares mudos)
Ela, má, sorri e olha nos seus olhos.
E olha nos seus olhos
E falsamente o pede perdão,
Diz que era tudo inevitável
(mas é mentira)
Gela seus lábios sua sorte
Toca o seio da sua vida, atravessa-a
Traz para fora essa que ainda nele restava
Foi o beijo da morte
Mas retribui, (treme por causa do frio)
Bebe de sua cicuta mortal
(é sim, mui formosa
negra, pois é a Noite
impassível, glacial,
sem Lua, nem mar
sem planícies
sem linhas
sua língua ama de mentira
mas o destrói de verdade
só que nesta última peça,
Seus lábios queima ele)
A seduz, e ela arde em chamas suas
Toma, conquista seus braços
E dá-lhes o corpo que era seu
E ela goza dele, por ele
(mas falha,
e sabe nada ao certo:
já deveria ter ido, mas sente
sente paixão, sente a vida
é quando perde o medo dela...)
Seus beijos ocupam-se de mantê-la saciada
Saturada, queimada em chamas
(que um dia ao vento serão apenas cinzas)
Rouba a sua adaga do tempo
(enquanto toca seus virgens seios nus)
E a morte sangra, então,
Escorre no tempo um pesadelo negro
Em suas últimas palavras, o amaldiçoa
(a flor jaz morta no chão)
Deixa com ela seu violão
(uma lágrima sequer, não mais:
sem riscos
sem medos
sem dor
sem ela)
Em sua mão, seu coração
E ele o retorna aonde pertencia
(não como antes,
sem aquela alma angustiada
sem a alma inteira)
foda
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