Entre, leia e ouça-me...

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Réveiller

Eu estava pronta para o início dos fogos. Houve sorrisos, lágrimas, celebrações, decepções, melancolias, força, honra, alegria, tristeza, fidelidade e traições, amizades e vínculos, que se quebraram, que nasceram. E tudo mais que se deve encontrar pelo caminho. Tudo tinha me trazido pela mão até aqui. Então, eu olhava para cima. O céu era nublado, o dia tinha sido chuvoso. Faltava um minuto para meia noite. Foi quando o primeiro risco rasgou o céu com um rastro branco de purpurina. O azul escuro cintilou.
De repente, a noite ficou clara, ia ficando clara como o dia, sem que houvesse Sol, e, então, o infinito tornou-se totalmente branco. Branco, tudo ficara brando. Silêncio. Não ouvi uma voz sequer das pessoas que estavam comigo. Talvez ninguém tivesse nada a acrescentar à imensidão formada diante dos olhos humanos, pequenos. Talvez eu estivesse ficando louca. Completamente louca.
Logo, no centro do meu campo de visão, pude ver um pequeno ponto preto. Esse ponto, então, tornou-se um pouco maior, formava um círculo de diâmetro próximo ao de uma bola de basquete. O buraco, no meio daquela cortina branca, também não era mais preto. Era azul-marinho.
Eu fiquei observando aquela bola de basquete alienígena que ocupava o lugar dos fogos. O que será que... ?
Foi quando surgiu um clarão, juntamente com um vento muito forte que lançou-me no chão. Quando me levantei e olhei novamente, era como se o chão abaixo de mim começasse a subir. Olhei pra baixo e vi que o resto do chão ficava cada vez mais distante. Mais alto... foi quando cheguei a uma determinada altura, tão grande, que eu tinha medo de olhar pra cima. Também tinha medo de olha pra baixo. Tinha medo de perder o equilíbrio e cair.
Tentei o que pude para me equilibrar, mas aquele vento forte soprou novamente e eu fui arrebatada do pedaço de chão que antes me sustentava.  Fechei os olhos, sabia que seria o fim.
Puf! Eu tinha caído em algo fofo. A textura era como se fosse um monte de penas. Ou como se eu entrasse em uma piscina com milhões de minúsculas bolinhas de isopor. Era uma nuvem? Mas...
Então, eu percebi que o céu não era mais branco. Na realidade, estava estrelado, e voltara à sua cor natural, azul-marinho. No lugar da bola de basquete estranha, havia uma estrela, ocupando o mesmo espaço de antes. Era uma estrela gigante.
Essa estrela logo começou a crescer mais ainda, até que dela começou a sair um pedaço, parecia de pano, da mesma cor do céu, só que ainda com mais estrelas que o próprio dono delas. Foi depois que eu percebi que na barra desse pano projetavam-se dois pés. Isso mesmo, dois pés.
Olhei para cima e vi uma mulher de cabelos brancos e muito longos. Seus cabelos corriam até ao final de suas costas, eram completamente brancos. Seus olhos eram duas estrelas que brilhavam mais forte do que qualquer outra que eu já tinha visto antes. Seu lábios eram como se fossem pétalas de uma rosa, suaves. O pano que eu tinha visto primeiro era uma manta que cobria sua pele, como se ela tivesse pego um pedaço do céu emprestado para cobrir sua nudez. Sobre a sua pele, não consegui definir sua cor precisamente. Era como se, cada vez que eu olhasse, ela fosse de outra cor totalmente diferente.
Então, de dentro da manta da mulher, saiu um bebê, enrolado em uma outra manta exatamente como a dela, só que menor. Esse bebê flutuava, acompanhando o olhar dessa mulher. Eu estava pasmada com tudo que via. Era lindo, era imenso. Como tudo aquilo poderia não ser um sonho, um devaneio sem limites?
Enquanto eu formulava questões, a mulher ia, lentamente, dirigindo seus olhos para a minha direção. Eu acompanhava olhando o bebê que veio parar exatamente na minha frente. E ela me disse, sua voz era a mistura de todas as melodias que eu mais gostava, formando uma harmonia perfeita e impossível, "cuide bem dele, minha amada."
Eu senti-me quase que em transe após ouvir aquele som. Eu poderia ficar a vida inteira ouvindo ela dizer qualquer coisa, até mesmo repetindo a mesma coisa até a eternidade: "cuide bem dele, minha amada.", "cuide bem dele, minha amada.", "cuide bem dele, minha amada.", ...
De súbito, eu despertei, como se alguém estalasse os dedos para isso. O bebê estava ali, na minha frente. Então, estiquei meus braços a fim de alcançá-lo. Ao tocá-lo, era a pele suave e macia de um bebê normal. Parecia um bebê normal. Só que tinha os cabelos brancos e os mesmos olhos da mãe. Aninhei-o em meu colo e aproximei meu rosto do dele. Sua mãozinha, então, acariciou-me, como se ele soubesse o que estava fazendo. E eu disse " prometo que vou cuidar muito bem de você, bebezinho.", depois olhei para cima para procurar a mãe. Ela não estava mais lá.
Foi quando eu me perguntei, se dizer em voz alta, como eu iria fazer aquilo sozinha. Então, eu pude ouvir aquela mesma melodia maravilhosa tocando, que dizia claramente "você não está sozinha, eu estou com você sempre.", "você não está sozinha, eu estou com você sempre.", "você não está sozinha, eu estou com você sempre.", ...e novamente o dedo se estalou e eu pude ouvir o bebê chorar, seu choro era uma linda melodia também, mas não como a voz dela, era como uma só flauta tocando.
De repente, silêncio. E, olhando pra cima,o clarão voltara, depois o céu branco, e enfim nublado e riscado de purpurina. Pude ouvir as vozes dos meus familiares primeiro, como se eu estivesse saindo de um isolamento acústico aos poucos. Depois pude ouvir outras vozes mais ao longe. Depois ouvi gritos, e ouvi o barulho dos fogos, mas era como se tudo isso estivesse passando diante dos meus olhos e eu não conseguisse assimilar. Como se eu ainda estivesse dormindo, sonhando aquele sonho.
Então, percebi que o bebê não estava mais lá. Eu ainda ouvia seu choro como se uma mosquinha tivesse entrado em meu ouvidoe tocasse dentro da minha cabeça. Mais distante ainda, ainda ouvia a harmonia maravilhosa que era a voz dela dizendo que eu nunca estaria sozinha. Uma mão, de repente, tocou meu ombro:
-Filha, que esse Ano Novo te traga muito crescimento, ele apenas acaba de nascer. Há muito pela frente! Feliz Ano Novo, minha querida.. - meu Pai dizia em meu ouvido.
- Seja bem vindo, Ano-Novo! - disse ao bebê, chorão e recém-desperto.
E foi quando eu despertei também.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Breve Hesitar ( O Diário de Ela - V )

I was young but I wasn't naive, I watched helpless as he turned around to leave. And still I have the pain I have to carry (a past so deep that even you could not bury if you tried).

- Eu disse, sem compromissos. No ritmo, inconsequentes. Esquece. Só eu e você. Ainda não encontrei um motivo para dizer não. Deixa ser, então, de novo, sem pensar. Antes, te quis tanto assim no pensamento, o prazer em segredo... sem pensar, está bem:? Nada mais importa: somos apenas eu e você, enfim.
- Ah ?

After all this time, I never thought we'd be here. Never thought we'd be here, when my love for you was blind...

- É só um jogo, sei. Tudo isso vai passar, não vai? Quando acabar, vou fingir que não lembro mais de você. Fingir que sou capaz de esquecer. Você é tudo agora. E acabará. Não, eu não posso te ter para depois perder. Cansei de sentir esse medo. Eu nunca vou ter você, nem mesmo agora.

But I couldn't make you see it, couldn't make you see that I loved you more than you'll ever know, a part of me died when I let you go...

- Shh ! Ei! Eu aqui, olha ! Não chora, não, amor. Olha, olha pra mim... eu peço a sua mão, sem nem titubear. É que Você linda, eu tonto. Você, uma pétala delicada, eu, as mãos rudes que te colheram. Cuidarei de você, sempre. Eu quero regá-la todos os dias, pra poder cheirar minha flor. Não sei como dizer, não sei. Seu sorriso é incenso pra mim, sua pele, meu travesseiro... como agora, para sempre, está bem? É que não sei dizer o quanto... vai, fecha os olhos: não é só seu. O sonho é nosso.

I would fall asleep, only in hopes of dreaming that everything would be like it was before...

- Preciso saber: seus olhos nos meus, assim, para sempre? Juntinho? Mesmo, mesmo?
 O calor que emana do teu coração gigante, aquecendo-me nos invernos...O teu olhar, fresco de maresia, soprando sobre mim toda a ternura do mundo.... eu preciso, preciso desse incêndio devastando mina essência,  preciso desse oceano alagando meu ser.! Preciso. Sempre...
- Você sabe, não me apaixono em vão. Você também sabe que tenho sempre o que dizer, domino as palavras. Não mais. É você, tirando-as de mim a cada suspirar... Não sei o que dizer, é como... não saber mais respirar, perder palavras em você. Isso que sinto é... impossível! Eu, eu...

But nights like this it seems are slowly fleeting, they disappear as reality is crashing to the floor...

- Shh... só eu e você, então, tá ? Não precisa dizer. Para sempre como nunca foi, utopia...
- Mas é verdade, juro que eu ...
- Shh... não discutamos a fantasia, meu amor. Deixa ser para sempre até o fim, porque o tempo só vai durar enquanto houver o sonho...

Maybe you could not believe it, that my love for you was blind. I couldn't make you see it, that I loved you more that you'll ever know. A part of me died when I let you go ...

sábado, 27 de novembro de 2010

Erosão

Talvez o vento frio e as ondas me levem:
Transformando, somando-me
Às correntes deste mar.
Sou rocha, não deveria ceder.
mas o vento frio e as ondas no tempo me destituem a forma...

                                                                                                              o tempo desfaz.
                                                                                                                      me desfaz.
me traz.
                                                                                                              me leva de volta.

assopra         m              l    v    n    o        r        l    n   e          e        m    m      .
                           e             e   a    d        p  a        o    g         d               i         .    .

Entorpece.

Desgastando-dissolvendo
m eus  pe    da     ços     po  r    ág  ua  s   qu      e  n     t  es-gélidas

Vagando-fluindo
A                 cor          azul                       do                                meu                     mundo                 pelo                               mundo

Sou rocha, não deveria passar...
Sou rocha, não deveria fluir....
                                                               mas tudo me atrai
                                                                                                                                                                                          
(me leva longe daqui...)




O tempo-angústia me levará daqui
Sou rocha
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Não deveria ir...




Camille Lyra

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dizeres Póstumos

"Deixa ser." Tudo se desfaz, então...

"Acho que foi melhor assim. Aqui não era o seu lugar. Mas, querida, eu não posso ir também, me perdoe." Ele adornou seu pescoço com diamantes brancos. Denotava sua essência: aprendera com ela que as pessoas na vida são como diamantes brutos sendo lapidados. A dor é para cortar, precisa e pungente, pedras soltas na natureza. Um dia, seu Dono as recolhe, quando, enfim, são perfeitas para escrustar os céus como brilhantes insignes. - Uma dor chamada saudade era anestesiada com a lembrança das convicções dela. Ela sempre quis fazer as pessoas sorrirem. Ela quis amá-las. Ela quis ser essa intensidade.
"Você, impetuosa, sempre quis viver uma vida descomedida, sempre quis ir além de sua própria natureza. Você buscou isso de todo o coração. Espero mesmo que você tenha encontrado tantas aventuras quanto as que eu vivi com, por e em você, meu amor..." Ela, então, podia descansar sabendo que tinha chegado tão longe quanto tinha intentado, seus sonhos eram independentes das outras páginas antes manchadas. (A lua inundava o céu com seus pêsames. O vento urrava,  soprava um som morbidamente gélido em seu corpo morto, mas ele ainda não tinha se dado conta da dor.) Anestesiado.
" Eu te avisei, não avisei? Por que foi que você tinha que deixar seus suspiros ardentes se esvairem e esfriarem pelas pessoas de seu amor? Por que foi que foi que você quis pagar com a própria vida? O que você queria sabendo do preço dessa paixão? Você sabia do final! Você sabia que havia um preço a ser pago, que, se não a mim, amaria à solidão! Você também sabia que essa solidão iria te matar. Você era convicta de suas razões, mesmo que fossem mentiras. Você era capaz de acreditar nas mentiras que você mesma inventava. Não eram mais blefes ou meias verdades, tornavam-se axiomas ao adorno de suas palavras.... você se matou! Foi culpa sua! Não me faça acreditar que sou eu o homicida traiçoeiro nessa história de amor... Foi culpa sua! Foi você que se matou! Você se matou!" deixava ali lágrimas e palavras. Muito mais lágrimas do que palavras, na verdade. Não mais a latência da verdade: era a expressão mais pura e selvagem da angústia dela revelando-se a ele, então.
" Droga! Você não podia ter me deixado assim, não! Por favor, não.... não, não, não! Quem vai tomar o seu lugar? Me diz! Eu não sei o que fazer, não sei. Você me abandonou... você, você mentiu quando disse que era para sempre. Você mentiu! Se foi...foi você quem escolheu ir! Você se matou! Você mentiu para mim, mentiu...não era para sempre... " jogou umas cartas velhas ali dentro com ela.  Eram cartas de amor. Inúmeras, todas as verdades voltavam-se contra a autora. Ainda eram verdades, mas dolorosas demais. Teria sido cruel, intolerável que ele as guardasse para sempre. Teria sido para sempre. Para sempre.
"EU amei você para sempre. Eu te amei esse tempo todo, e você nem sempre viu. Eu amei você mesmo assim. Eu amei de verdade, quando você era dúvida. Eu amei você no infinito! Por que você nunca acreditou em mim? Por que você tinha que se achar tão pequena a ponto de ser cega? Você foi estúpida! Era tudo e perdeu-se por nada. Morreu por nada. Nada!Nada.... nada nesse mundo vai te trazer de volta agora, nada... Então, perdi tudo. Você é tudo, meu amor!" Silêncio. Não haveria respostas. Ela não mais podia perceber o tamanho do amor com que ele a encobria. - Era apenas seu corpo inerte ali. Insípido. Sua pele já era pálida, seus lábios não eram mais rosados. Ela estava ferida, havia manchas roxas, suturas, mágoas, lágrimas, tristeza ao longo dela... ela era a dor que permanece depois do acidente que é a morte derrubar a vontade de viver.
A Lua recitava para ela, palavras ao vento. Dores lançadas ao vento. Saudade que resistia ao vento. Saudade que residia no vento. Era frio, e não devia fazer tanto frio. Era fogo que ardia sem se ver. - Ela não via. Nunca acreditou que merecia ser amada. Mas amava. Ela estava sempre deslumbrada com vidas alheias, ocupada demais para aperceber-se de sua própria beleza. Uma tonta. Ele, confuso. Nunca soube, também, como fazê-la saber do brilho que pulsava em tudo quanto ela fazia. Teria sido ela para sempre. Para sempre.
" Eu te perdoei, você nunca acreditou. Burra. Você era maior que os erros. A falta do seu sorriso custa mais que aquela dor. Qual foi a dificuldade em entender isso, meu Deus? Eu também errei, e você me perdoou todas as vezes! Qual foi a dificuldade em se perdoar, qual?" Amada, amada demais. Apesar de toda dor que havia causado (e há tanta dor na traição...). Viveu marcada pelas marcas que deixou, desde então. Nunca mais se deixou esquecer da agonia pungente que era apunhalar alguém amado. Nas costas. Culpa. Mas ela amou. Amou sim. - Beijou-a uma vez mais. Os lábios frios. Faltava sua poesia angustiada. De tanto amor. De todo desejo. De perfeita loucura. Ah... sua loucura adocicada, como o pouso de uma borboleta singela após o voo. Acariou seu rosto suave. " Eu te perdoo, meu amor. Você é maior..."
Não terminou de dizer. Uma luz branca invadia a noite sem pedir licença à lógica: podia ser apenas um sonho.
Ele ouvia a risada dela. Ah, aquela risada louca adocicada.... a louca doçura ou a doce loucura dela. A cena era branca. E o sorriso dela descia na soma de todas as cores. Ela sorria com todas as cores.
Verde, ela sorria deitada na grama dum campo distante, tomado pelos dois. Amarelo, o riso dela era mais forte que o Sol. Azul, ela era a Lua sobre o plano da noite. Laranja, ela ria à-toa sobre uma colcha, só para ele. Violeta, ela descia uma escadaria num vestido longo, tinha jeito de flor. Rosa, ela dava risada e a boca suja de algodão doce. Vermelho, sua cor preferida: era uma mar de rosas e a sua pele nua. Com todas as cores. O sonho transfigura-se, então.
Os axiomas ao adorno de suas palavras... ela caída no chão, pela última vez: ferida, havia manchas roxas, suturas, mágoas, lágrimas, tristeza ao longo dela.
-Você sabia do final... amaria à solidão. - Teria sido cruel, intolerável que ele guardasse sua intensidade (inconstância) para sempre. Teria sido para sempre.
-Não houve blefes, nem meias verdades. Houve verdades, querido. Você não tem fé no que digo. Eu digo o que sou. É que já fui poesia diluída na alma de poeta. Sabia que o poeta é destinado a sofrer mais?, foi o que me disseram quando nasci. Agora, só restou poesia, meu amor: acredite em mim dessa vez, por favor...
Acredite, eu não me senti sozinha. Houve esperança em cada lágrima. Houve quem cuidasse de mim, na sua ausência. Você só não pode ver. E eu não te amei menos por isso, não. Eu amei você para sempre, sempre.
-Me perdoa. Me perdoa por nunca ter conseguido te fazer acreditar. Me perdoa por não conseguir acreditar. Me perdoa, por favor, me perdoa. - Disse mais lágrimas, do que palavras.
-Não chore, meu bem. Não chore. Eu prometo que estou bem. Agora, sim. Agora eu acredito no seu amor. Me perdoe por não ter sido capaz de me ver no seu coração antes. Não fiz por mal: sempre me achei pequena demais para você. Mas você me aceitou mesmo assim. Obrigada, meu amor. Obrigada pela sua companhia. Obrigada por essa poesia que me inspirou um amor apaixonado, louco, feliz ao seu lado. Obrigada, meu grande amor.
Ela colocou as mãos no rosto dele. Acariciou-o (suas mãos eram frias). Seu corpo passou a dissipar-se no ar. Seus cabelos e sua face flutuavam, então. Sua boca escureceu. Primeiro, cor-de-sangue, depois, lábios vermelho-quase-vinho. E ela aproximou-se mais. Beijou-o uma última vez. Era quente. Abriu os olhos e já não podia mais vê-la. Podia sentir. Fogo que ardia sem se ver. Ela era chama cada vez mais quente. Fechou os olhos, sentiu o corpo dela no dele. Eles se amaram mais: incêndio.
O fogo, de repente e sem mais, nem menos, foi soprado por um vento. Aquele calor fez frio, então. Era frio, e não devia fazer tanto frio. Mas todas as dores lançadas ao vento, também. Restaria apenas a saudade. Saudade que resistia ao vento. Saudade que residia no vento.
Do rosto dele, escorreu uma lágrima. Escorreu saudade. Passeou pela maçã do rosto, caiu em sua mão direita. Enfim, o fim.
Não soube depois dizer por quanto tempo durou tanto amor, ou por quanto tempo durou o ultimo beijo. Lutava contra o tempo pelos detalhes. Não queria esquecê-la. Queria o direito de guardar cada detalhe. Cada curva do corpo dela. Cada um de todos os beijos. Todos, todos eles. Cada vez que ela declarou seu amor a ele, de todas, todas as vezes. Cada poesia, de tudo, tudo que ela é.
Sua mão direita, de repente, doeu. Uma dor interna, como se sua mão queimasse de dentro para fora. A dor ardia cada vez mais. Piorava em uma progressão inexplicável. Era como colocar a mão num lago de fogo, não, era pior, era tocar o Sol. Não importa, queimava por dentro. Ele gritou. De dor.
Prostrou-se no chão e, agachando-se, levou a mão ao peito(não sabia, mas estava exatamente em cima de seu coração). E o coração ardeu mais que a mão. Ele chorou. De saudade. Chorou como um bebê. Depois, percebeu que sua mão não mais doía. Fechou os punhos e sentiu algo espetar. Em sua mão, havia uma rosa vermelha (como os lábios dela da última vez).
Aquela rosa ele plantou sobre a sepultura de seu amor. Mal sabia ele que ela jamais iria morrer.
Foi para sempre enquanto durou. Para sempre.



à Inspiração
Por Camille Lyra

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Oceano ( O Diário de Ela - IV )

À minha frente, um oceano inteiro vinha me seduzir. Não havia mais ninguém ali. Em mim, era o anelo latente pelo verde, o seu verde quimérico que transbordava meu quarto em noites insones. Ele permanecia inabalável. Suspirando em mim, incitava-me a ceder ao cheiro das suas águas puras. Eu resfolegava em seu sopro brando, pois ele continha a minha alma arraigada em sua brisa fresca.
Ele impetuoso mantinha-se sobre mim. Em suas mãos, eu era descoberta como algo novo, como uma concha de nácar estranha àquele que era dono de todas as outras. Ele delineava minha tez com beijos intensos, ondas insanas. Eu era embebida com os toques de um oceano quente em minha alma. Era o mar sobre mim. Ele sussurrava. Eu, tomada por um desejo depravado, então, solenemente me desnudei de cada véu que antes encobria minha forma. Era o mar em mim. Avançando, arrebatava-me para além da ressaca, dentro de sua esmeralda infinita.
Subitamente, meu corpo nu era engolido pelas águas verdes límpidas desse oceano. Ele era em mim a extensão plena de um prazer incessável, suscitando o anseio de levar-me mais fundo. Eu passei, então, a nadar emaranhada pelas suas visões, seus sonhos, seus desejos, seus anseios, sua essência e, por mais que eu avançasse pelo verde, esse oceano é que penetrava em mim. Eu lançava cada impulso ao mar, e ele me possuía sempre.
Eu  me sentia apenas uma corrente que o agitava por dentro, que passeava pelas suas águas. Todavia, ele fazia de mim a corrente que o transformava por dentro, que levava e trazia-o de volta às suas águas.  Seu espírito tão imenso acendia no meu um fogo, que relampejava gemidos inexprimíveis de um deleite apaixonado no horizonte esquecido por nós dois.
Eu e o oceano. Ele era em mim; e eu, nele. Eu era profunda porque ele era profundo. A alma ascendia além do corpo, que se ocupava em servir a satisfação sem-fim, derramando-se em um mar de sentimentos, promessas, amores idealizados - ora, deixai a taquicardia fazer pular o coração pelo sonho! Afinal, ao despertar, ele ainda será profundo. Ele é mesmo um oceano verde profundo...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fim.

Ando nas ruas, mas não sigo em frente. Ando por caminhos e não vou a lugar algum. Cumprimento com umas respostas automáticas uns vultos passando por mim. Alguns querem me falar, mas não paro para ouvir o que não quero lembrar. Lembrar da minha distância. Vi lágrimas, vi dor, não vejo nada. E cada vez mais vejo como é o nada, por causa da minha dor, por causa das minhas lágrimas. Tudo é tão distante agora. Não há mais ninguém, também não há mais cores, sons ou vozes. Apenas eu mesma. Só o que restou, por um pouco...
 (Foi por tão pouco...)
Fecho os olhos e não sei onde estava nem onde estou. Só eu vazia, falando de mim mesma. E um de Você, cheio de si. Brindando comigo, brincando comigo.
*Tin-tin*
(Um brinde ao egoísmo!)
E o mundo se dissolve por um minuto...
O que foi que Você disse mesmo? "Eu vou te amar para sempre" ou será que foi "não sei mais o que somos um para o outro"? Perdão, foi rápido demais para que eu pudesse compreender.
Não, eu não culpo a parte real de Você: o tempo - ou o resto da vida - que Você pediu para nós é, mesmo, o certo. Temos outros focos, outros objetivos por enquanto. Não há espaço para mais amor no mundo, não para o nosso.
Culpo mesmo é o que brindou, brincou comigo. A parte de Você que, aqui dentro e todo o tempo, murmurou tantas promessas impossíveis. E eu acreditei. Revivendo com ele amores sem-fim que precisaram de um tempo e, talvez não saibam, nunca mais, voltar.
Foi culpa dele que me trouxe um romantismo egoístazinho-metido-a-besta. Me fez acreditar que eu podia te dizer meu. Desaprendi a vida sem a fértil emoção a dois, o mundo que não gira ao nosso redor.
Na verdade, a vida é muito mais que isso. Amar é muito mais que isso. O Amor é muito mais que isso. Amar, viver é ter fé, também é querer bem. Amar é viver sabendo que as pessoas são como areia na palma da mão: não se pode fechá-la que elas escapam por entre os dedos. É preciso abrir mão e, se o Vento quiser levar, é deixar ser. E assim ser para elas o melhor e mais firme amparo que conseguir, sabendo que talvez um dia, um dia...
É culpa minha também. Me deixei seduzir, ser insana. Embriaguei-me com o sabor destilado em cada gole daqueles beijos. Não cogitei deixar seus lábios. Não pensei nas feridas, não pensei em nós, em ninguém.
(Mentira. Pensei sim, em mim. Enlouqueci.)
 Não é que eu queira deixar esta louca intensidade para trás, não. Umas boas doses de Você me inspiraram mais do que mil versos perfeitos, verdade. E sem precisar nem mesmo de palavras, só do seu toque perfeito emaranhado em minha alma vã. Sua mão está lá, queira Você ou não, para sempre.
(Queira você ou não, amor...)
E lá se vai a última gota no copo. E também não quero mais brindar, brincar - a próxima vez será fatal-. Permanecerei sóbria para o próximo cumprimento. Quero lembrar onde estou, quero saber quem sou. Quero ver neles, que ficaram atrás de nosso brinde, mais que vultos passantes nas ruas. Quero ser mais que uma passante, quero contar-lhes histórias bonitas, cantar palavras doces, palavras precisas, palavras certeiras. Quero ver além desse complexo de amores ébrios.
(Sóbria.)
Abro os olhos e me deparo com o primeiro próximo vulto. Aos poucos, decifro sua imagem embaçada e percebo sua silhueta; uma forma de andar um tanto peculiar, quase familiar. Agora, as linhas de sua face. Um tanto rígidas - penso que talvez precisem de palavras doces, isso -, parece preocupado, bastante preocupado. É um homem.
(Mas, o que será que... ?)
Então, posso ver os olhos. E não preciso de mais nada para saber quem são aqueles dois cometas, caindo sem que eu saiba o porquê. São Você.
Talvez seja um sinal, talvez haja mesmo esperança no futuro. Um futuro correto, certo para mim e para Você. Ou não.
(Não...?)
Vejo Você chorar, de repente. Pude ler os seus lábios dizendo "Não!"
Olho para o lado, e algo me atinge tão repentinamente quanto as suas lágrimas.
(Tudo se desfaz...)
Deitada no chão, meu corpo dói. Muito. Você se abaixa, me pergunta por que diz que foi estúpido que me ama que eu não me vá que não quer fugir que eu não ouse te deixar agora e penso em dizer te amo te quero que vou lutar que vou sobreviver por Você que nunca vou deixar Você te amo te quero ao meu lado fica comigo sempre. Sempre...
Mas eu guardo tudo para mim. Apenas sussurro "Deixa ser.."
(Tudo se desfaz, então.)

Pela e À Inspiração.
Camille Lyra

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Insanidade (O Diário de Ela - III)

01/09

- Faz bem jus ao título você aqui travando diálogos consigo mesma. Vim te fazer companhia, posso?
- ATÉ parece que você faria isso pra valer. Me fazer companhia... pff! E o título não é por isso, nadaaver. É pela forma como eu me sinto, não pelo modo como estou pensando agora.
- Ei, eu já sentei ao seu lado pra valer, tá?! E você se lembra muito bem disso. Não pode esconder nada de mim aqui dentro, bobinha. Vê se para de doce, quisso me irrita. Homem não gosta dessas coisas.
- E você quer que eu seja o quê? Dada?! Mas não mesmo! Nem apaixonada, nem bêbada, nem insana, nem pela possibilidade efetiva de ter você.... tá, quem eu estou enganando aqui? Já disse mais do que deveria antes. Já apressei as coisas. Troquei os pés pelas mãos. Droga, não deveria ter contado a você, não deveria...
- Porra, quer parar de se auto flagelar? Que saco!
- Tá vendo? Nem aqui você me suporta...
- Eu te suporto sim. Não quero é ver você se perder em uma idealização tola. Nem mereço isso tudo. Não mereço essa imensidão toda nas suas lágrimas. Não quero você por aí, chorando pelos cantos da noite por minha causa. Não há necessidade disso. É o que é e ponto. Você vai me esquecer, terá sido só um sonho mau e pronto, passará. Vai ser melhor assim.
- Mas eu não quero o que vai ser, eu quero o que é melhor. E eu até deixo você me chamar de hedonista, se mudar de ideia...
- Não vou me aproveitar de você só porque bebeu uns copos a mais de paixão. Putz. Essa metáfora ficou uma porcaria.
- É, eu esperava menos e mais de você. Menos porque eu queria que você se aproveitasse de mim, e mais porque a metáfora está uma merda mesmo. Principalmente pelo personagem que você representa aqui.
- Olha, você é linda, charmosa, inteligente, mas não vou...
- QUER PARAR COM ISSO?
- O que foi?!
- Você NÃO tem o direito de ficar repetindo o que ele me disse. Se quisesse levar um fora, procuraria falar de verdade com ele, de novo.
- Mas é verdade. Você é isso. E muito mais. Não fomos só eu e ele quem disse isso. E você sabe disso.
- Dane-se se é verdade ou não! PO! Nem aqui você me leva a sério?? EU NÃO ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ! EU SÓ QUERO CURTIR!! Está bom assim? Se eu fosse uma puta você me beijaria? Você foge de mim só porque meus lábios diriam verdades? - Não, não seriam absolutas. Eu sei que você não acredita nelas  - Eu só quero que seja infinito enquanto dure..
- Ou enquanto..
- Cala a boca! Não quero ficar rindo sozinha das suas piadas. Isso é tão estúpido!
- A paixão é estúpida, querida.
- Eu sou estúpida mesmo! Estúpida é essa conversa maluca. É estúpido eu querer você da forma como eu quero. eu me conter tanto perto de você. Céus, haja auto controle...
- Noooossa, que menininha mais safada!
- Me poupe, tá ?
- Você às vezes é tão ácida. Sabia que isso deve te afastar dele na vida real?
- Não posso ser 'docinha' o tempo todo. Você sabe que quando você, quando ele está perto... Bom. Você sabe. Eu não posso sair fazendo o que bem entendo lá. Nem com ele.
- Sei. Mas não precisa fingir que ele/eu não existe/o.
- E VOCÊ QUER QUE EU TE LEMBRE COMO EU FICO QUANDO EU SEI QUE ELE EXISTE?
- Não precisa. Seu escândalo é auto explicativo.
- Sabe. Eu podia acabar com tudo isso agora mesmo.
- Ahhhh! Pelamordedeus! Me poupe dos devaneios mórbidos... você sendo dramática já me dá bastante trabalho. Depressiva não, por favor!
- E você acha mesmo que eu perderia minha vida por isso? Pff.. Isso não passou nem pela minha cabeça (só agora, né? affe!). Não seria tão idiota a esse ponto. Não me sinto TÃO insana assim. Eu disse que se eu quisesse, eu voltava atrás. Eu posso. Tudo isso é evitável. Mas eu não quero voltar.
- Você comeu merda? Se livra logo de mim e para de sofrer. Deixa disso.
- Foi você quem disse que um pouco de angústia faz bem também. Não que eu não soubesse disso antes, afinal você não me ensina tanta coisa assim além daquilo que você tem que ensinar. As lições sobre a vida eu já tinha ouvido quase todas antes.
- Você está completamente louca.
- E não me orgulho disso. Mas qualquer coisa com você é melhor do que antes. Sofrer com você é melhor do que lembrar do passado. Melhor do que esperar o passado vir pousar no futuro. É que eu já não posso mais ver voo algum. Não tenho esperança alguma. Estava caindo. Agora, já estou mesmo é no inferno  com você.
- Isso porque você gosta de mim....
- Você não é nem de longe perfeito como o passado. Você não chega aos pés dele. Você é a criatura humanizada que vem me seduzir na sua imperfeição, me anestesiar, enfim. Sofrer por você é anestesia para a minha dor. E você é lindo, por dentro e por fora. Mas a gente escolhe sim quem ama E eu não amo você. Só que preciso de você. Eu preciso me perder em você. Não parar me livrar das minhas noites de solidão, você não é solução alguma. Você é um desvio. Mas a sua solidão repele meus pesadelos. Eu desejo cuidar de você. A sua intensidade me faz esquecer de mim. Os seus olhos, é como se eles fossem quebrar a qualquer momento na ressaca desse oceano de angústia  que você carrega. A sua angústia também não é maior que a minha. Mas é mais instigante. Você é uma caixinha de emoções e sentimentos tão delicada, sempre a ponto de abrir e trazer algo imprevisível lá de dentro.
-...
- E eu anseio fazer parte da sua solidão. Acariciar a sua alma humana imensa. Penetrar na sua essência e me perder no clichê que é você. Estudar isso, que te faz tão peculiar, o fato de você ser tão humano, tão frágil, tão hipócrita, tão triste, tão imperfeito. Perfeitamente imperfeito. Eu preciso dissecar o seu coração, só para descobrir o quanto você é razão, o quanto você é emoção.  Não quero só o que você tem a me ensinar. Quero aprender em você. Quero aprender você. Me deixa?
-...
- Tudo agora é diferente. Nada é agora como era antes. Os princípios mudaram, desde que me dei conta de que estava totalmente imersa neste jogo. E é assim que me sinto insana. Não, eu não me reconheço aqui dentro.  Sou o que antes não era e era o que agora não sou. Sou eu em você, querido. Sou eu. Me deixa entrar, por favor...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu em mim

Emfim,
este é o meu corpo
Flor que amadureceu

Estalo os dedos
é sonho
Respiro fundo
é brisa


Estendo os braços
é asa
Driblo as falhas
é voo

Esperança resolvida,
Verso que ficou pronto
Meu corpo é assim

Olho o seu rosto,
misterio
Ouço sua voz,
estrangeira
Cheiro o seu suor,
lembranças
Sinto sua pele...
sou eu

Sou eu,
para a dor e o prazer
para o sabor e o saber
para a emoção de viver:
Viagem tão companheira...
Sou eu sim,
Sou eu assim,
Sou eu enfim
com meu corpo em mim !



 Por Gabriel Natan Lyra de Espanha, 11 anos 
O irmão, amigo e, pelo visto, poeta...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Fiz Dele Razão ... (O Diário de Ela - II)

27/08

 "Você subverteu o que era um sentimento e assim
Fez dele razão pra se perder
No abismo que é pensar e sentir"

É como se eu tivesse acabado de jogar todas as verdades do mundo em uma descarga. Por água abaixo. Tudo, não há mais nada.
E isso aqui não é um desabafo. Eu não preciso contar a ninguém. Eu não precisava contar a você. Você não precisava saber, não. E eu não queria contar. Não fui eu. Foi ele o culpado. Foi o coração. Maldito. Foi ele...
Isso aqui é um pulo. Ia dizer no escuro, mas não poderia ser mais claro: Acabou.
De repente, o que eu chamava de expectativa, dúvida, a dor de desejar, de não saber, tudo isso tornou-se obsoleto. E, ao mesmo tempo, não.  Não porque, apesar da minha vergonha, -ah, a gafe!- eu disse o que guardava em mim. Fui eu quem disse. Eu sou assim. Não sei prender dentro de mim coisas que me fazem intensa, inteira.

"Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse nem assim se pôde evitar..."

 E eu não poderia viver diferentemente disso. Eu não sei não agir conforme o que sinto. Essa liberdade me aprisiona quando me liberta. Eu não poderia não ser você em mim. Isso é o que é. É o que sou. Não conseguiria respirar longe da minha essência, carrego uma alma comigo. Agora, uma alma machada por você. Para sempre.
"Você é só uma criança..."
Falar do meu querer é tão vago. Eu também não consigo compreender. Não entendo. Não, eu não queria querer. Mas não pude evitar a tempestade de sentimentos, pensamentos que vieram sobre mim. Alagada. Molhada. Está tão frio aqui... vai me deixar aqui? Sou só ...

-  Eu não quis isso tudo, não. E nem você quer, nunca nem sonhou com isso. Eu e a minha cabeça palerma.... como foi que eu pude imaginar algo mais do que só estar perto? Como foi que eu permiti achar-me suficiente?
"Não, querida, você não é." Eu nunca serei. E obrigada por não dizer, foi condescendente ...como foi que eu pude me enxergar ao seu lado? Como?

"Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa
Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir e rir.
"

- Ahahahaha ! Não... ah, não!  Como se já todo este desastre não bastasse, eu fui além: eu quis ter você só para mim. "Sua egoísta.", ou talvez você me dissesse:  "Sua louca. Louca, desvairada!". Mas sim, eu quis. Sim, querido, ainda quero... mais que tudo. Quero o suficiente para voltar no tempo e fazer tudo novamente. De novo.
 "Would you? And what if I begged, while this silence still, just to hear you say no?"

-Ahh, mas que absurdo! Sua menina má! Má ! O que foi que você fez, ein?!
O que foi que você fez...?
- Eu, eu ....
-O que foi que você fez?
- Eu...
- O que é que você está fazendo?

- EU ME APAIXONEI!








quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sentimentalismo Exarcebado (O Diário de Ela - I)

24-25/08

Como se fossem uma lança transpondo-me a devoção, seu olhos perfuram a minha essência. Sou desnudada pelo seu olhar, invadida por ele. Um olhar soberbo, arrojando-me sobre um oceano verde sem-fim, infinito.
Ah, o desejo! O anseio por possuir tais águas cristalinas inclina-me o querer sobre o segredo, torna-se translúcido perante os olhos seus. Transparece em mim o almejo de fluir nas águas de meu amor; almejo tê-las só minhas, almejo entregar-me a elas num sentimento intenso e profundo, afiado como a lamina trespassada em meu coração.
Entretanto, lanço-me nos braços seus somente em meu silêncio gritante. Guardo as palavras, num egoísmo imenso, sem revelar-lhe o gozo do qual desfruto em sua presença magnífica.
Ahhh... o prazer que eu quis primeiro, ao descobrir naquele oceano a fonte de minhas insanas ideias. Elas feitas de um desfrutar suave, como a carícia de uma pena, e bruto, na emoção aflorando pela intensidade de um desejo amiúde.
É por compreender o cliché de todo impulso meu nascido em ondas sagradas, vindas daquele verde intransponível, que tranquei toda declaração, toda verdade, todo querer em meu não-dizer, tão caro para minha alma.
Temo qualquer desprezo por mim que possa brotar no dono do olhar profuso. Temo perder a chance de tentar, por não tentar. Temo errar e não mais ser livre para arriscar passos na direção de seu colo seguro.
Ah, a angústia! A angústia desse querer platônico sobrepõe todo pensamento outro, que não venha exaltar as vozes de minha paixão fascinante, ébria. Eu só penso nele.
Eu quero a ele mais do que desejo fazer grandes estas palavras. Sei que ele ama palavras até mais do que eu mesma, mas as palavras são apenas palavras, palavras e palavras. Anseio a sensação verídica - como percebo o vento tocando minha face-, anseio pela carícia verossímil de suas mãos- e assim saber que é o vento soprando sobre mim-, anseio pela luta verdadeira de nossos lábios, um pelo outro. Anseio mais que meus pensamentos, mais do que puros sentimentos.

sábado, 21 de agosto de 2010

Um Momento de Nós Dois

Quero-te sempre, sempre! - o coração palpita;
Pois, certamente, a alma é preenchida pelo nosso amar;
E a tua luz, invadindo o meu rosto, brilha;
Embriagados imploram por ti os meus olhos-de-mar;

Comovendo-me, o teu corpo e o meu aproximando;
Aos beijos profundos, os teu beijos adoçados;
Mas o teu olhar sobre mim aguardando:
Um toque e  as linhas de minha face contornadas;

Teus olhos, teus olhos, tão intensos em minha canção,
Serão as estrelas para o nosso luar surreal;
Quando em teu abraço eu me deito, então,
O tempo rende-se, teu e meu, imortal;

A harmonia toca para cada sentimento;
Cada batida em teu peito, o suspirar
Ilustrando o ritmo utópico deste momento;

Eu subexisto, você ascende;
Em sua plenitude o sonho agora e,
Se esta finda eternidade vir a falecer,
Ainda contigo eu irei permanecer.


Por Camille Lyra - 2008

domingo, 8 de agosto de 2010

Manifesto de Amor

Shh!
Não deixo toda essa intensidade se esvair pelas palavras!

Por Camille Lyra

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mãos Estendidas

As suas mãos trêmulas, como concha que estivesse
Acima daqueles olhos seus, suplicantes.
Olhos sofridos, em sua tão jovem face;
Cravados, fundos, distantes ...

Seu rosto encardido, a poeira de uma curta história.
Lameado: o resultado de capítulos desventurados.
Seria melhor poder inventar uma simples paródia;
Que escondesse todos os versos famintos e surrados.

As suas palavras sujas de pobreza (tristeza),
Pedindo por novas estrofes trocadas no bolso.
Só quer fugir de seu conto, pobre conto faminto;
Só quer fingir, como criança que é, que não é verdade....

Clamava, gritava.
Onde estava quem iria dizer que não se pode fugir da verdade ?
Onde estava quem iria mudar sua realidade ?
Quem não acha melhor negar à criança o direito de sorrir ?

O brilho, querendo nascer depois da dor.
A esperança, querendo sobreviver à dor.
Seus traços tristes, esperavam por um favor:
Suas mãos estendidas, pediam por uma nova poesia do Autor ...

Por Camille Lyra


Assinem !
Um bilhão de pessoas sofre de morte crônica: dê-lhes uma nova poesia de vida!
1billionhungry.org Friends

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um Tantão de Amor

Há um tanto de palavras inquietas;
Esse tanto de palavras que quer pular
Dentro dos versos, e as emoções espoletas,
Espontaniedade que rege-me ao poder falar...

Há um tanto de palavras cordiais;
Esse tanto de palavras que almeja gritar,
Expressando todo o meu amor em estrofes leais
Aos sentimentos, aqueles que por vezes esqueci-me de expressar...

Não basta escrever sobre quanto eu amo-te;
Também espero alcançar-te, com cada proceder
Tocando-te, ao perceberes em mim quanto preciso de ti...

E me deleito em ter tamanho prazer;
Nos teus abraços, nos teus carinhos...
Meu privilégio, Papai, é aprender a amar alguém como Você ...

Quarto Escuro

Pensamentos.
Culpa.
Mentiras.
Raiva.
Palavras, vãs palavras.
Guardo-as para mim.
Fico assim, sem dizer o porquê...

Lágrimas, lágrimas vazias.
Só, solidão.
E mais lágrimas...

Perdão.
E preciso perdoar também.
Esquecer o que havia em mim...

Silêncio, mas um silêncio inteiro.
Pronto para recomeçar,
Quando o dia chegar mais uma vez...

Por Camille Lyra

terça-feira, 6 de julho de 2010

Despedida

Você, eu te amo. Mais que tudo, tudo mesmo.
- Não vê ? Por você eu me contradigo, me desfaço por inteiro. Por você eu me reconstruo para ser o que você bem quiser de mim....
Cada lágrima, cada uma passa ardendo em meu rosto agora, mas eu não me arrependo delas. Cada uma delas insiste em amar você, em um silêncio solene e muito sóbrio, cientes de que persistir é a única opção: para fazerem valer a genuidade do olhar onde nasceram, e para moldar seus ideais na face que percorrem.
A dor de te perder é também a força que me impulsiona a te reconquistar, e então conquistar o mundo, para você e para mim. O Amor não está além da paixão, sublime e passageira ? Então me permito amar você, fazer passar o tempo - maldito tempo - enquanto eu persisto todos os dias decidindo viver de um amor devoto e sem-fim, assim, de uma intensidade insondável e um tanto secreta - você vai se esquecer de mim.
Mas como o Criador pode negar algo assim ? Ele que é Pai de todos e nosso Pai, que ensinou que amar é dar a vida - e que quase nunca significa morrer -, é dar a vida. Eu, então,  dou a minha vida a você, Você. Seja lá o que isso for.
- Faço assim: espero. Mas espero sonhando com o dia em que o Autor desse livro, livro chamado Vida,  há de nos conceder um ao outro, como conquista depois das milhas em um Amor percorridas, com perseverança. Isto é, se eu ainda for quem você quer ao seu lado.
Mas sua correspondência, no fim, pouco me importará. É que o Amor chega a um ponto, insano momento, em que esse é independente do outro. Sim, meu coração há de caminhar sem seus braços equilibrando-o um dia, depois que eu for. Entendo que também é preciso que ele caminhe sozinho para perder o medo de perder e ficar mais forte, para durar para sempre, para você, Você.
Então, adeus...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Eram, Uma Vez, Inseparáveis...

Toda hora era hora de brincar e de cantar e de rir:
Bricavam de boneca, de adoleta e de pular corda;
E cantavam sorrindo e mergulhando nas melodias;
E riam das coisas bobas, das coisas sérias, das coisas insanas;

Quando então, veio o vilão da história:
Dizem que o nome dele é Distância,
Dizem que o nome dele é Saudade,
Dizem que o nome dele é Tristeza;

Ora, o que o vilão fez foi levar embora;
E ficou sozinha, uma criança, tadinha;
Não, nunca antes ela precisara de lágirmas;
Ingênua, sem saber o que era dar adeus...

-Ah vilão, o coração da criança pequena,
Não deveria sofrer, então não leve, para ficar um pouco mais;
Não deveria doer, então deixe aqui, para brincar um pouco mais;
Não deve esquecer-se daquilo que foi bom, para se amar muito mais:

Deixe estar, vilão,
Que ser poeta é ainda ser criança também...



Para Rachel Branco


terça-feira, 8 de junho de 2010

A camisa que você deixou aqui,

talvez só para ter esta certeza. A certeza de que eu nunca iria esquecer que você foi embora. Você mentiu. Disse que iria voltar... você nunca pretendeu voltar.Mas você precisava ao menos tentar se tornar uma parte em minha vida; porque você entendia que partes são partes e, quando passam, formam um Todo maior. ( Você nunca quis assumir todas as responsabilidades, Amor. E eu me sinto bem, é verdade, assumindo-as com ou para você.) Só que você sempre foi Tudo, nunca uma parte.
O seu perfume, aquele com o qual você impregnou a camisa, eu sei,  foi para fazer lembrar de como foi perfeito o teu corpo e o meu, aproximando... tem o cheiro do nosso amor nas noites mais longas. Pelo menos enquanto distante, você quis ter a certeza de que eu sorriria uma vez ou outra, com tal lembrança. Obrigada, Querido.
Você sabia que eu a guardaria naquele canto, onde você escondeu a aliança, e também os chocolates, bilhetinhos, presentes. A verdade é que o que eu queria mesmo era você e nada, nada mais me faltaria.
E eu sei também, você quase pode contar as noites em claro que eu passaria esfregando-a em meu rosto (como se uma camisa pudesse suprir o afago das tuas mãos em minha face). Ah, e é claro que foi absolutamente previsível pra você que o único líquido que a alcançaria seria aquele salgado, o das minhas lágrimas angustiadas.
Você nunca subestimou o meu amor devoto por você, isso não. Mesmo sem compreender, sabia do medo que eu tinha de te perder. Você sabia que esse era o meu único medo.
- Então, por quê?
Por que não disse logo que era o fim? Teria me poupado tempo. Não adianta, meu Amor, as escolhas são inevitáveis, vão muito além dos anos (eu escolhi você, o problema é meu. A dor e o erro poderiam ter sido só meus, e ponto final.). O tempo não me fez esquecer, se foi isso que você tinha planejado, não.
Mas o tempo me transformou sim, não em alguém melhor ou pior (não importa, realmente, desde que eu fosse sem você), ele fez de mim a expressão viva da falta que você me faz. Eu sou o significado da ausência.
A propósito, ausência não é esquecimento, nem sequer crescimento algum, você se enganou, meu querido. Ausência (mais que a dor, a miséria e vazio - nessa ordem) é a loucura. Loucura que dissolve a sanidade dia e noite, sem cessar.
Saiba então, que você estava certo em quase tudo; e sim, eu te amo mais a cada novo agora.  E, por desacreditar dessa, a melhor (ou pior) certeza de todas, é que você não pode prever: eu quis te livrar de ser Tudo (se eu me tornasse uma parte do nada, e passasse; então não haveria mais culpa pela minha dor)...
Meu amado, o fim que você não pode dar à nossa história, eu o faço por você: 
"A camisa que você deixou, aqui ficou, machada da cor vermelha do meu insano amor ..."



terça-feira, 25 de maio de 2010

Anjo Perfeito

Com um sorriso,
O brilho nos olhos,
Na face, o perfume somente.
Plena alegria, contagia
Você

Mais uma aventura,
Partindo do que não se pode ver,
Aos tesouros emaranhados
Pelos sonhos e pensamentos ébrios:
Você

Magia, contagia,
Ar para respirar,
Traz-me a fantasia...
Você

O brilho nos olhos,
Aurora tão natural...
Tão desejável,
Você

Um só sorriso,
Maior que as estrelas.
Plena alegria, contagia;
Você

Melhor que as estrelas,
O Anjo perfeito...
Tão desejável ar que respiro!
Você

Minha única aventura,
Tanta magia, toda a fantasia.
Pleno sonho, o pensamento ébrio,
Você, Anjo.

Por Camille Lyra

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Da Parte De Lá

Aqui,  é  tudo
sempre    lindo
e  tão  perfeito
como  se fosse
perdurar   pelo
tempo .  Mas é
que  ainda  não
se descobriu o
 anestésico que egostar-se-á enfim; e,
quando a dor voltar pungente,
eu sei aonde tudo
isso vai
dar



Por Camille Lyra

Depois de toda esta euforia,

 os    s o r        r  i   s    o    s            e                                          a
a       l       e       g          r           i                a
                        s                                                                            e
e
      s   
    
              v 

                    a               
                           
                           e
                
                                     m
                                          
                                            .
    
                                                  .
                                                                                                                                
                                                         .





 Por Camille Lyra

domingo, 23 de maio de 2010

Sonetinho Clichê

Na ausência tua, meu amor,
Eu, perdida, não sei o que fazer;
A distância tua, minha dor,
Eu a sinto tão amiúde, sem saber por quê;

Ainda que outra face me confronte,
Não encontrarei nela o esquecimento teu;
Eternamente, tu serás meu horizonte;
Ainda que distante, rente ao alcance meu;

A lua vem e passa sua escuridão,
Então enfim, a noite amanhece;
Luz cálida, mas meu coração esmorece;

A sede da presença tua, insaciada até então;
De que maneira meu desamparado ser
Há de viver sem ter teu coração?



Por Camille Lyra

Poesia Cadente

Teu brilho caindo rasgou a escura imensidão
Deixastes o céu, oh, estrela minha, por quê?
Contrista-me ver-te aqui tão perto jazer
Se na noite angustiada vi de longe o teu clarão

Já vejo a razão das dores do teu coração contundido,
Perdoa-me por tanto não dizer: o meu medo era de passar;
A incerteza de viver era por enfrentar meu amor ferido...
Escondi-me de todos os fulgores, todo medo era de mudar.

Porém, se por nós algum motivo ainda há, tu subas e voltes a brilhar,
Eu hei de encontrar novamente a esperança que rege
Meus sonhos. E não terão mais os nossos versos uma vida breve.

Trago-te o sentimento fresco da alma, pelo qual clamas.
Ascenda com toda intensidade de meu amor, mas
Deixa sobre mim o frescor da tua chuva de palavras prateadas.



Por Camille Lyra

terça-feira, 18 de maio de 2010

Milhas,

Há tantas, que intentam impedir-nos;
Afastando as minhas mãos das tuas, iguais;
Mas sim, estaremos unidos,
Saberás que, no pensamento, também somos reais;

Para sonhar, olhe para a imensidão azul;
Para sorrir, feche os olhos;
Para voar, abra os braços;
E, para me abraçar, desperte, pois estou contigo;

Estou contigo como o céu;
Onde quer que seja,
Sorrio em teus devaneios;
Posso também voar e levar-te, estou aqui;

E não estarei em outro lugar, senão onde estiveres;
Pois eu não trocaria por estrelas, nenhuma, nem todas elas,
O meu amor preso à tua essência;

E a plenitude de toda saudade é apenas um traço;
Em nossa história, a grande dança é o destino:

Ao rítmo, dancemos, dancemos então! 



Antes, ao Max. E àqueles que também amo de longe ...
Por Camille Lyra 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

De Pai Para Filha

- É mesmo um mundo triste esse, minha filhinha ...
- Ah, Papai, por quê? Por que precisam ser tão frios, os dias? Eles sentem-se sozinhos, e não têm com que se aquecer!
-Ah minha querida, é você quem precisa aquecer-lhes o coração. É para isso que eu te chamei primeiro.
-Mas Pai, olhe pra mim... eu? Eles nuna vão me levar a sério, eu sou pequena demais. Eu nada tenho que possa valer aos olhos deles... Sou a menor entre aqueles sábios com quem ando, sou ainda a que mais erra, Paizinho...
-Mas eu não te escolhi porque você é grande, filhinha, nem mesmo por ser a mais sábia! Eu te chamei porque vi seu coraçãozinho tão frágil, quebradiço. Vi que você era pequenininha, e, quando estava triste e sozinha, eu te abracei e cuidei de você.
- Mas Pai, por que o senhor fez assim? Para que te sirvo eu, assim, em tamanha pequenez?
 -Porque, minha filha, Eu sou aquele que abre ou não os olhos daqueles que dizem não me ver, e que ensina o sábio, mesmo em seu ceticismo. Sou eu quem vai até mundo, e não é o mundo que pode me alcançar. Escolhi você, porque verão que uso quem quero, não pelo seu poder ou sua influência, mas todo o coração resiste ou não, através do meu parecer.
- Ah, Papai... eu tenho medo de dizer! Juro que vi muitas vezes quem precisasse, mas eu não pude, não achei palavras que pudessem alcançar.... - ponho-me a chorar
- Amada minha, porque choras?
- Pai, é por amor! Foi o Senhor quem me deu esse amor! Foi o Senhor quem me ensinou a amar, até mesmo aqueles que desconheço na intimidade, outros ainda que nunca conheci pessoalmente! Ah Pai, não é de pena, mas de amor que choro! O Senhor já sabe disso...
- Mas fale, querida, que me importa te ouvir dizer...
- Eu só queria que essas pessoas fossem alcançadas, Papai! Não peço que seja pela religião, de modo algum; mas que elas saibam, de alguma forma, que nada acontece, sem que o Senhor planeje ou permita. Preciso que elas saibam que há alguém olhando por elas. Ah Pai! Eu sei que o Senhor chora comigo, sempre que me entristeço... por isso, não os deixe pensar que estão sozinhos! Lembra das pessoas que aprendi a amar, Papai.. eu me lembro, agora mesmo, de cada um deles! 
- Filhinha amada, lembra do livro que te dei ?
- Lembro sim, o que tem ?
- Então lembra daquela passagem, que diz que eu amei o mundo de tal maneira, que dei meu Filho único, para que todo aquele que crer em mim não pereça, mas tenha a Vida?
- Sim, Papai...
- Dou-lhe uma dica, meu amor; mas que você nunca se esqueça que na hora devida, eu te direi exatamente o que dizer e mais, eu o direi através de você.
- Obrigada, Papai! Obrigada, porque eu tenho certeza de que o Senhor não se esquecerá de nenhum deles! Mas então, o que ia mesmo me dizer ... ? 
-Diga-lhes que a Vida já é aquela que começa aqui, e agora ...

Esmorecer

Sou criança que corre,
E, no mundo passando,
Por entre as árvores vejo cores ao verde,
De flores que escolhi  por salientarem-se;
Poeto para elas, de tão belas que são;
E então, vejo que em mim nada há:
Não há cor e não há cheiro algum;
Apenas o vulto repentino, que um dia passará;
As cores das pétalas, porém, essas persistem em ressurgir depois das estações ...

sábado, 15 de maio de 2010

Fluir

Eu sou criança que corre livre
Por entre as árvores,
Levantando as folhas secas;
Sou na essência de um vento que sopra
Além daqui, por entre as árvores;
Sou, ao suspirar do vento, resfolegando;
Não mais aqui, mas mais além, para além das árvores.




quinta-feira, 13 de maio de 2010

abstinência

Há tanta dor na ausência. Há o desgaste da impaciência:
A incerteza, o desaprender, o incompreeder...
Would you? And what if I begged, while this silence still, just to hear you say no?
A saudade é o avançar das ondas, em vão.
Não quero falar, não quero pensar: nada mais importa; tudo que eu quero é você!

Dedicatórias dispensáveis....
Por Camille Lyra
Dedico, também, ao Betinho, que achou nesse texto letras que são palavra apenas para poucos...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Inpherno

Aquele "bum-bum" ressoava através das paredes como se um elefante estivesse dançando balé atrás daquela porta. Uma porta comum, como outra qualquer, mas, o que quer que estivesse atrás dela, eu já não podia imaginar. Seria muito mais do que eu esperava? Só sei que aquilo ali dentro era o resto da minha vida.
Durante nossa história, fazemos sempre muitas escolhas: café com pão ou Nescau com Maizena, e outras
coisas sérias, como se devo ou não comprar a casa, se é ela a garota ou não, se permaneço assim ou tento ser alguém melhor...enfim, isso aí, atrás da porta, é resultado de uma escolha minha.
Agora eu podia ouvir gritos, pareciam de horror, e risadas maléficas e... um gemido! Eu tenho certeza de que ouvi! Era difícil definir, com o som de milhares de pancadas surdas em algo que soava como uma madeira, às vezes pareciam disparos, também. Então tive medo e, naquele momento, me arrependia de ter escolhido aquele caminho.
- Colega, essa aí é a sua mesmo.
- Eu sei, eu sei. Só... tomando coragem  para entrar... - respondi ao funcionário de camisa banca, tentando me mover.
Então eu encarei a porta azul,  e tentei não ouvir a gritaria de uma multidão, que parecia ser formada por umas mil vozes, ignorei os estrondos que vinham lá de dentro e fechei os olhos. Segurei a maçaneta preta, respirei, e então abri a porta do destino que tracei para mim mesmo.
- Como é que é ?! Vocês não podem ficar quietos por 15 minutinhos, enquanto eu não chego ? Só porque eu atrasei não quer dizer que essa baderna aqui seja permitida! O próximo que der mais um pio está fora de sala ! Chega !
...agora acertem essas fileiras, por favor, e vamos abrir o livro na página 47 ...



Redação da Prova. Nota: 5/5 

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ela e Ele?

Cabelos longos, sedosos e penteados. Blusa azul ou branca, bermuda jeans clara, casaco amarrado na cintura. Ah, quase me esqueço, óculos de metal sobre os olhos de chocolate. Material. Cadernos - cheios de poesias românticas de Vinícius -. Bolsa de fivela atravessada e discreta. iPod - Sentimental, Los Hermanos - . E All Star azul . Adiantada, como sempre.
Cabelos ralos, molhados e desarrumados. Blusa qualquer-uma, calça qualquer-outra, casaco posto sobre os ombros. Ah, quase me esqueço também, óculos de acetato sobre os olhos verde-oceano. Material. Papelada - cheia de notas da poesia ébria de Vinícius-. Mochila esportiva e chamativa, indiscreta. iPod - Casa Pré-Fabricada, Los Hermanos-. E sapatênis bege ou marrom. Atrasado, como sempre.
O cotidiano era sempre assim. Começava cedo, muito cedo. Assistir às aulas e ministrar as aulas. Sempre acabavam se desligando por, pelo menos, um pouco da realidade. Fugia nele e fugia nela. Mas era segredo e segredo.
Ela era querida, sempre sorrindo à vida. Espontânea. Vivia de amor, amava viver. Amava demais. Ele era necessário, sempre criticando a vida, ranzinza. Vivia de palavras, amava as palavras. Mas vivia cansado demais até para falar. Falar dele mesmo.
Por dois anos, viveram seis dias por semana por si mesmos e, nas quintas feiras, deixavam-se seguir dois a dois por mínimas duas horas e meia. Era normal que os dias se arrastassem até o dia de dizerem "Finalmente...",quando se encontrariam. Ela, ousada, interpretava-o em seu silêncio, onde ele buscava esconder-se. Ele sempre desistia, se deixava ser lido. E era tudo o que tinham tido, até aquela semana.
Essa semana, tinha sido cotidiana como todas as outras muitas guardadas na lembrança. Então, às aulas:
 Ele sempre olhava o caderno dela - suas poesias o preenchiam-. Ela sempre permanecia olhando os olhos dele - sua cor a refrescava -. As frases ditas eram mudas, mas cheias de som. Eram palavras que saíam altas no silêncio dos dois. Segredo, segredo. Silêncio, silêncio.  Permanecia e se mantinha sem ser quebrado, era errado, era bom demais para ser verdade. Mas era desejo, anseio.
 Foi quando ela decidiu falar mais. Cansara-se de conter-se em si mesma. Ela precisava. Ele aguardava. Sim, sacou do estojo uma caneta qualquer - não importava mais - e escreveu um bilhete, de três palavras. Entregou-lhe no final das 2hrs30, olhando-o nos olhos de oceano.
Ele pôde sentir a intensidade do olhar de chocolate maior que o univeso. Recebeu-a, enfim, depois de 2horas e 25minutos exatos. Olhou o papel dobrado-de-qualquer-jeito. O desdobrou aos poucos, sem pressa. Ele queria, e muito. Mas  não devia encontrá-los. Encontrar os dois pronomes, separados por uma conjunção aditiva e terminados em uma interrogação- a cor da caneta era vermelho escuro - :
" Você e Eu ? ", dizia o bilhete.
Foi quando ele decidiu que o bilhete precisava ser acrescentado em mais uma palavra e depois, devolvido. Cansara, também, de conter-se em todo o seu Português. Ele precisava. Ela agora, aguardava :
" Sim ..."


Por Camille Lyra

Dedicada à Ela da vida real.

Versos de Ninguém

Não, eu não quero - eu preciso -
Não, eu não posso - me consome -
A todo desejo e anseio eu reprimo
Eu resisto, esnobo você - mas cedo, em segredo -
Faço que não te suporto - e eu te estudo em detalhes -
Digo que não. - e sinto queimando por dentro -
Eu me calo  - mas você me vê dizer...é isso ! -
É segredo, que ninguém deve saber -você;
Por favor, escute-me quando não posso dizer:
que Ninguém é como Você ...

Por Camille Lyra

Ao Único Alguém.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Do Coração

Como se ela fosse majestade, ele se curva;
Sua mão estendida para pedir uma dança ao cair da lua;

Como se ele só fosse todo o ar do mundo, ela arqueja;
Seu corpo, guiado por ele, cede em função de todo desejo;

Como se ela fosse toda realidade, ele acredita;
Rebusca seus passos, querendo integrar-se à sua perfeição;

Como se ele fosse a plenitude, sente sua essência;
Arremessando-se nos braços dele, são totalmente seus;

Como  se o horizonte não separasse céu e mar;
Dos dois o Tudo é um só: a imensidão de amor;

Estrelas azuis para o sorriso dela,
Cometas perdidos para os olhos dele,
Esquecem-se do Sol: tanta luz, tanta paixão;

A dança, maior que o Universo;
Todo movimento, exalando seu sabor;
E, ao exímio desabrochar, a satisfação
Cantando aos pensamentos, é a paixão, todo esse ardor;

Mas e o Tempo, tão pequeno,
tramando ser eterno a ...


Por Camille Lyra

Obrigada, meu Coração...


Do Espelho

 Durante a semana é estuda-estuda e no fim de semana eu sei lá me perco na vontade de amar acontecer sorrir voar correr fluir cantar dizer rir calar entender ouvir viajar esquecer fugir rimar mas se fecho os olhos para saborear já estou na quarta-feira engraçado como                                  o tempo foge o                             escapa de mim foi quando então eu cansei de esperar o                          cansar de fugir de mim agora eu que vou fugir                                                              e parar.

 - Paro sim, paro porque é preciso. Paro para me observar. E não, não sou narcisista -definitivamente não- Preciso me observar porque eu preciso amar. Ora, sem o amor, a vida não faz sentido algum. E sem reflexões profundas aqui, porque não é esse o intuito - pensando bem, sem reflexões profundas demais -. O amor faz sentido porque ele é o único Caminho para a felicidade - aquela que é verdadeira -, o Amor faz sentido porque sem ele nada tem sentido. Sem o amor, as lágrimas além de serem frias, não se cessam com um arco-íris,- a propósito, arco-íris é Aliança, não apenas relacionamentos, nem só vínculos, alianças.- mas se perdem em uma dor que não faz ninguém crescer, apenas estão ali parar rasgar mais ainda a ferida. O amor verdadeiro é aquele que morre, mas ainda sim permannece intenso e vivo na essência, no espírito. O amor perfeito é pai, mãe e irmão, é tudo.
E não é possível amar sem saber quem você é, e o que falta pra ser alguém melhor. Olhar para mim, e cuidar para que haja em mim beleza, beleza que cativa e encanta - mas na verdade, na verdade, essa beleza ninguém pode ver, mas reflete no Espelho:

Seus olhos brilhando de sonhos, e poesias, e rimas. Vi que ela olhava o mais alto que conseguia, porque não estava satisfeita com pequenas quantidades, nunca. Desde seu gosto por comida muito, muito apimentada até seu sonho de fazer medicina na UFRJ - isso porque ela desistiu do Hopkins porque queria ficar perto das pessoas que ama-.
Também pude ver uma boca, essa que quis muitas vezes se fechar, por falar demais. Falar até mesmo o que não era verdade. Falar, ferir, falar. Mas esta boca estava lutando para conter-se, para se calar, amar.
Além disso, seu narizinho de batatinha gostava de sentir os cheiros dos ambientes.- Quantas vezes ela não tinha chorado, depois de cheirar um baita de um cebolão? Mas lembrar, ela só guardava o cheiro das flores, do mar, da lua, dos sorrisos, risadas, amigos, família ...-
 E suas pernas eram longas - porque gostava de correr, voar.- O vento batendo contra seu corpo e rosto, os pés voando sobre o chão, o controle total do movimento ligeiro, o coração batendo forte e intenso, o sangue correndo, a respiração tomando todo o oxigênio que pudesse alcançar e o sentimento de ser livre de tudo que poderia intentar prendê-la... Ah, a liberdade, como ela é apaixonada pela liberdade !
Ouvi dizer que as marcas em seu rosto apareceram há dois anos, quando ela perdeu alguém que amava muito, uma mãe. Superar essa perda, fez da criança que ela era uma adolescente cheia de questões, mas que salvou a poesia depois da dor. 
Uma adolescente que quer amar como a sua avó: Avó que por 14 anos atravessou a ponte para cuidar dela e de seu irmão, enquanto seus pais ganhavam dinheiro que os sustentasse. Ela educou, mimou, ensinou, disciplinou e nos ajudou a superar. Seus pais também, mas ela estava lá quando eles não podiam. Quando o dia dela chegou, então a menininha que brincava de boneca aprendeu que seu irmão precisava também de cuidado; que o dinheiro agora era só a mesada, se faltasse, não teria mais; que sorvete todo dia não era mais viável; que a vida era mais difícil quando não havia ninguém para resolver os problemas para você. Papai e Mamãe amaram e educaram sim e com exelência, deram tudo do bom e do melhor. Mas eles também tinham/têm o papel de lhe ensinar a viver.
Ela, então, aceitou o desafio de viver, mas viver só por viver não valia a pena: ela foi encontrada pela essência da Vida ....

 -Mas e um  pena que nao e possivel fugir do tempo como                 o foge de nos e quando o tempo nos encontra nao temos nem para virgulas nem para acentos ...


Do Título

"Por agora vemos como espelho, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. "
Engraçado isto: eu parei, logo hoje, pra escrever sobre o meu Espelho Embaçado. Logo hoje, lenta Segunda depois do fim de semana. Claro, eu disse que já passou. E já passou mesmo, mas não posso dizer que não me marcou. Talvez você ache da maior idiotice eu ter me sentido assim, ou então, menos provavelmente, você concorde comigo; mas, independente das opiniões alheias, eu conto a história:
Eu tinha planejado meu fim de semana para que eu pudesse fazer um pouquinho de tudo. Encaixadinho, como sempre. A programação era estar 12h30 na festa de uma grande amiga, N,- porque ninguém é melhor que ninguém pra mim- e estar no Luau que eu estava ajudando a organizar com outros adolescentes da minha igreja. O horário era apertado, mas eu sairia 16h20 de Camboinhas para estar às 16h50 em Niterói.
Claro que nada deu certo. É sobre Camille que estamos falando. E sabe o que é pior de tudo ?
- Eu só precisei de 5 minutos para fazer um estrago monumental:
É, eu tive a estúpida ideia de jogar N na piscina. Era aniversário dela, oras, isso era, na hora, perfeitamente aceitável meu ver. Claro que eu estabanada, participando da comitiva encarregada de lançá-la na piscina, caí antes e depois dela cair também. Só que nós nos esquecemos de uma coisa: os celulares. O meu e o dela estavam em nossos bolsos.
Pois é, ao invés de dar presente, eu tiro o celular da garota. No dia do aniversário dela. E só para melhorar, eu estrago o celular que meu pai tinha mandado consertar havia uma semana. 150 reais jogados no lixo - ou na piscina se você preferir-. Com essa confusão, eu também me atrasei para o Luau e a responsabilidade, que mais uma vez me faltou, eu não pude estar lá 17h ,tinha fracassado.
Cheguei em casa, meus pais brigaram comigo, e eu estava proibida de ir ao Luau. Foi nessa parete que eu chorei, e chorei muito. Como eu podia ser tão despreszível assim ? Caramba, se o mundo dependesse de mim, ele provavelmente já teria explodido em caos. Eu sou a plena expressão do que significa a palavra " desastre ". Isso tudo eu concluí em mais ou menos uma hora de autocríticas.
Quando eram umas 18h, outra grande amiga, R, veio pegar o que o pessoal tinha esquecido de levar antes para o Luau, já que eu mesma estava proibida de sair. Quando ela viu minha cara inchada e branca, ela deve ter se dado conta que eu ou estava morta, ou estava muito mal.
Então, eu conversei com ela e ela me acalmou, disse que eu estava sendo exigente demais, que eu era muito exagerada, que eu não tinha estragado também o Dia das Mães da minha mãe e me aconselhou que eu convesasse com meus pais.
Foi o que eu fiz.Conversei/chorei mais ainda com eles, e eles me entenderam! Para minha supresa, me disseram que eu fosseao Luau. Então eu cheguei lá, com a cara de zumbi mais feliz que eu consegui esboçar.  Fiz o meu trabalho, curti as músicas e, como sempre, e delirei com a vista da praia - mais tarde, quem sabe, vocês entenderão tudo que essa praia significa para mim-.
Enfim, depois parei para pensar um pouco. Percebi que eu preferiria mil vezes ter jogado a N na piscina de novo; do que se eu tivesse passado uma metade da festa dela sumida com o meu namorado e, na metade em que aparecesse, estar perto dela com o meu namorado fumando e bebendo... como aconteceu. E ainda tive que ouvir "dane-se ela e o celular, ela que também te empurrou na piscina.", legal é que a pessoa que falou isso é uma amiga minha também. Mas até que em parte ela estava certa.
Uma coisa que R me disse e que eu já tinha ouvido antes: " Aquele que mais erra, muito ama; mas aquele que é pouco perdoado pouco ama. "Não que eu vá sair errando mundo afora, não. Errei, e me arrependo. Chorei, tive raiva de mim, mas aprendi a lição. Errar, todos erram, né ? " Você é humana, Camille, não se esqueça disso.", ela disse também;e u achei que fazia sentido.
...mas o que é que isso tudo tem a ver com título?
-Ah, sim. Bom, é porque eu amo meu Pai, minha família, meu coração, meus amigos que eu criei um espelho. Isso, um espelho onde eu pudesse ver em mim e no que me rodeia aquilo que é bom e aquilo que machuca - e então mudar - , e também para que as pessoas vissem que eu sou tão ou mais surtada do que pareço. Amar é a maior de todas as loucuras....
E esse espelho é embaçado mesmo: quem sou eu para ser dona de alguma verdade? Aqui são os meus olhos vendo a minha reflexão a respeito dos fatos. Os seus podem sim ver outras coisas, que até tenham sido propositadamente implícitas por esse espelho. Mas essa parte de descobrir os mistérios deixo a vocês!

Quem sou eu

Minha foto
Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.