Entre, leia e ouça-me...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Carta À Interlocução

Caro Senhor Interlocutor,

redijo estas letras nefastas com o colérico propósito de por um epitáfio na lápide em que aterrei o senhor, ou um tal de oceano profundo. Não há nada que seja necessário dizer-te, concluí agora mesmo. Aliás, devias pagar-me com muitos amores, por cada vez em que não foste digno de dizer à pobre menina uma verdade que fosse. Devias ouvir muitas coisas tristes, mas Ela disse apenas as mais bonitas. Devias ter sido, ao menos, íntegro, meu querido interlocutor infausto. Um "sim" ou um "não" teria bastado, meu caro!
Senhor Interlocutor, informo-lhe, entretanto, que, já que a menina morreu contigo, o senhor não deve, pois, nada. Agora, senhor Oceano, peço que fiques ai, bem quietinho para sempre, devidamente morto-no-teu-canto. Peço encarecidamente que não deixes na mulher o teu gosto salgado, nem a tua frieza ártica. Não faças com que a senhorita seja tão manipuladora, tão má como tu. Não, por favor, não permitas tu que ela aprenda a brincar com os corações como o senhor bem o faz! Mantenha distância, que és uma imagem póstuma na sua vívida alma jovem; não transbordes, pois, senhor.
Ela é feliz, ela é íntegra, ela é boa. Ela está sã. Deixa em paz os passarinhos! Deixa em paz a ela! Os diários não foram escritos para te encantar, minha caríssima Interlocução. Os textos são o grande amor tanto da menina quanto da mulher. Elas amam as letras, somente. Somente, meu caro.
Sabe o que fostes, deveras? Fostes um michê literário, meu amor. És (per)feito para uma boa história. És confuso, és dissimulado, és cínico, és louco. És um anti-herói! Não foi possível, no entanto, achar-te um final eufórico ainda - ou será que és nada mais que um antagonista?-.
E não há de se saber por essas bandas sobre qualquer outro suspiro teu novamente, visto que a donzela, já crescidinha, não está interessada na personagem. Logo, aqui não há nada sobre finais felizes para as histórias do nada-aventureiro Interlocutor. Há apenas o desinteresse e as não-questões, porque bastaram as grandes questões apaixonadas e sem-resposta da sonsa menininha-fantasma. Há apenas o vazio. Há a tua morte, Interlocutor.
Ah, o epitáfio! Oras, mas não se deve esquecer o verdadeiro propósito da redação! Um epitáfio devido, um epitáfio.... mas veja só! Quem poderia prever que, depois de toda a tagarelice, não conseguiria pensar em coisa alguma! Deixemos esse tal de epitáfio pra lá! Quem se importa...! Como diria um certo defunto autor, "a obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus."

Meus pêsames,

Tua Odiosa/Irrelevante/Amada Autora. 


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Us (Nous)



Naquele dia, deixou falarem os desejos mais alto do que as razões. Nāo havia pensado previamente um plano mirabolante. Havia só desejos sem-pensar.
- You're eighteen and a beauty queen.
- Eu quero você. Agora.
Ele, de repente, subserviente, submerso. It's her hands on my hips, I can't escape 'em. It's that mouth and those lips, I try not to taste 'em, but she's figured out all the boys like me. Naquela noite, dormiu pensando nela...
Eu amo a sua versão impulsiva, sabia? Você deveria ser sempre assim, porque eu gosto, simplesmente. Não gosta de perigos? Essa é a nossa aventura particular. Vamos guardar segredo, tá? - um beijo - Vamos-o-que-você-quiser.
And she's so fine, she thinks she's so damn fine. Sabe, sonhei com você esses dias. É quando você passa, quando você, corajosa, me enfrenta com esses olhos... É a sua pele, são as suas mãos e tudo, que com você tem mais adrenalina! What does it take to get you? I'm out of my mind! I'm... - outro beijo - whatever-ever-you-wish, milady.
You can't always get what you want, baby, eu não sou como você, ela disse. Eu não sou com você, foi o que ele ouviu. - E não teria sido nada que uma conjunção adversativa não tivesse esclarecido-.
Ele, de repente, frio, distante. Eu e minha música pop, meu rap e minhas boybands, e você e seus rolling stones, seus strokes e seu debussy.  It's me talking with you in english, and you with your "pardon-moi, je parle français, je ne peux pas comprendre".
Ela, então, triste e confusa. Ele se apaixonou por ela por causa da aventura, e ela só precisava cometer um pecado, só queria fugir das tristezas e de seus dias subsequentes. Essa era a condição e on va jouer, let's have fun, babe!
I'm sorry you were thinking I would steal your fire, but my heart beats in his cage, ela disse. Não se apaixonaria, disse umas mil vezes. Disse mil vezes que não poderia quebrar.
But you're as weak as the hearts you break...bem lá no fundo, ela sabia que toda vez que ele está perto não são problema as diferenças, nous sommes comme yin e yang, mon cher. E, como ele gostava de videogames e ela também, então, no final, ficaria tudo no seu devido lugar. C'est ça?
But she'll be the death of you, sedduction leads to destruction.
"Mas" ela queria ter dito. Um 'mas' e talvez tivesse mudado tudo.
- Mais je suis tombée amoureuse de toi - ela disse, he couldn't understand it.
-But you can't always get what you want, girl. So, come on, give us a little break.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Das Borboletas

Tanto.
Eu te amo muito.
Sempre.
Meu coração infindo.

Mas estas borboletas
E seus pousos breves...
Mais breves que uma vida inteira!

Sobre a vida brevemente inteira:
A breve borboleta no ombro,
A vida, inteiramente, nas mãos.

E o valor no pouso da borboleta:
Sempre e tanto,
Amarmos inteiros pela vida breve.

sábado, 29 de outubro de 2011

Em Pasárgada (O Último Diário de Ela - IX)

Minha arte, caro diário, tem andado meio míope, meio bêba a tropeçar nestas sarjetas, que a vida deixa pelos cantos para escoar virtude e alma dos fracos. Pois digo uma coisa: se eu já aprendi a levantar - e não por medo de morrer, mas vontade de viver-, a minha arte, Ela, vem comigo, sustentada em meus ombros, a aprender também.
- Vamos, moça, hora de acordar, hora de levantar, hora de irmos a outro lugar!
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O início trata-se de um despertar. Ao abrir os olhos, a luz do dia fere a vista e arde na pele. E eu o vejo pura e simplesmente, sem idealizações:
- És humano demais, amor. - Uma vez chorei ao ver que eras uma tristeza incicatrizável angustiada. Fiz-te meu, então, no meio de uma multidão qualquer. Segui-te até aqui, amei-te quase em secreto e, juro, quis-te dono de um sorriso que fosse eterno. Até estive mirabolando planos para roubar-te o sorriso mais lindo do mundo! Mas mal posso lembrar-me das vezes que vi-te ser sincero contigo mesmo, querido...e a Felicidade não se finge, não.
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Era uma vez esse homem que dizia que a Felicidade era efêmera. Eu, ansiando dar-lhe qualquer coisa que pudesse guardar além da vida e além do tempo, redigi umas cartas também tristes incicatrizáveis angustiadas para que pudesse acariciar seu rosto lindo, e olhar nos seus olhos profundos de Oceano. E por pouco também não desaprendi o que quis mostrar.
Ele, ele foi intransponível até o fim. Mas foi ele em cada sonho meu. Mas, em cada sonho, ele foi meu. Eu sei quantas vezes ele parou para me ouvir contar histórias e sonhos, eu sei que ele ouve o meu despertar ainda agora.
- Estás aqui, diante de mim, eu sei, amor. Não há pudores em mim, nem medos, nem incertezas. Serias sempre uma história minha, eu disse, e assim remanescerás: pelas palavras...
Estas palavras serão simplesmente o fim, tão próximo, de mais uma anedota romantiquinha. Estas palavras serão um meio para alcançares a mim, igualmente tão próxima. E estas palavras serão o princípio para alcançares a ti mesmo, deveras tão distante.
...Eu prometo.
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-Ei, Autora, tem cicuta?!
-Não, vamos logo embora daqui! - e Ela me estende a mão
-Só mais uns goles, não quero levantar... - permaneço: vi seu vulto acompanhado de uma mulher bonita, e com as mãos dadas brincando por ai...
- Eu? Eu sou só uma criança... - ela tinha o corpo mais bonito que o meu. ela tinha os traços mais bonitos que os meus. ela tinha os olhos mais bonitos que os meus. ela tinha as madeixas mais bonitas que as minhas. ela tinha a beleza mais bonita que a minha. ela era bonita. ela era como Ele. Ele talvez gostasse mesmo dela. O nome dela era mais bonito que o meu: ela era a Próxima, ela chamava-se natália, luiza, aline, fernanda, o nome dela era Adriana, do Allen.
Não que assim eu me deixasse estar perdida na escuridão romântica da cidade luz dessa história. Eu amava Adriana também, até que (não espere o meu perdão amanhã, nem espere que sejamos tal como antes outra vez. Ser perdoada não é ser esquecida. Perdoar é pagar um preço, querida. Fui eu quem pagou) Adieu, Belle Époque!
Mas cuide dEle, sim? Seja dEle enquanto não passas no tempo. E que Ele encontre-se em você. Que Ele encontre a si mesmo em você... E Ele se descobrirá enfadado de toda a arte de viver mais uma vez, e se cansará de você, Adriana. E será só porque Ele não suporta ver-se em você. Ele não suporta aqueles malditos espelhos quando sóbrio (e dê-lhe un contos de fadas uma vez ao dia, quando ele já estiver alto, não o deixe perceber!). Ele estará com você apenas para esquecer (de si), mas cuide dele mesmo assim.
- Ah, Oceano... tu cabes num aquário! E não tenho receios, nem ressentimentos, que eu te amei de verdade. Cabes no aquário porque queres, Oceano. Quantas vezes serás sufocado por si mesmo? Quantas vezes até que compreendas que  os olhos não foram feitos como prisões, foram feitos como janelas para a alma, para os sonhos... És tão imenso, Oceano, mas te fizestes diminuto em si mesmo, trancafiado atrás do verde por que me apaixonei. És intransponível, intangível até o fim. Por isso, és humano demais...
Rabugento demais. (há tanta dor na ausência. há o desgaste da impaciência) Austeras, as tuas palavras alcançaram-me. (a incerteza, o desaprender, o incompreender...) Prepotente demais. (would you? and what if I begged, while this silence still, just to hear you say no?) Há pedras ao teu redor, uma sob a outra, feitas uma muralha que ninguém pode sobrepor, amor. (a saudade é o avançar das ondas, em vão) A tua fortaleza te guarda de tudo e todos, os teus olhos são verdes porque refletem um horizonte feito de esperanças, cujas vagas não podem alcançar-te tão alto. Ermo, és um oceano deserto por causa da solidão, querido. Lerás essas palavras e sequer buscarás alguma verdade nelas, pois estás sempre certo (não quero mais falar, não quero mais pensar... que importa? tudo se desfaz, então...)
E Tu me dizes ser linda, charmosa, inteligente (mas que eu te espere, te ame...) Só que, enfim, eu te esquerei. E olharei nos teus olhos através destas palavras e saberás que te esperei, que te amei, até que- tu estás a atravessar a rua com Adriana.
(Adriana, take care of him, please, please, please! Adriana, tu va passer aussi!)
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- Vamos! Levante-se! Já é pleno dia, e o dia já é pleno! Venha, eu te ajudo, minha querida, está tudo bem, vou cuidar dessas feridas... eu te ajudo!
- Mas, Autora, me deixe ao menos ter uma Despedida? Chame-o, não deixe que Ele se vá! Eu o amo e as palavras me privam de dizê-lo!
- De quem falas, minha cara? Não há ninguém aqui, nós apenas... oras!, deves estar sonhando outra vez! Vamos embora de Pasárgada, venha, criança!
- Eu não sou só uma criança. Eu sou um vento leve, sou uma essência qualquer, insana e apaixonada, peso mais que aquilo que meu corpo sustenta. Sou uma poeta que gosta de arte!
- Oras! E não é que essa vida é cheia das contradições?...

domingo, 9 de outubro de 2011

Conversa Íntima (O Diário de Ela - VIII)


 - Amor, escuta as nossas carícias...
(as nossas músicas, todas fluindo de mim em conversas íntimas)

- Do you wish for a dance? While I'm in the front my play on time is won... you know, I'm not a miracle, but you are not a saint. I'm just a shot, then we can die. Tu veut danser avec moi, je sais, amoureaux! Porquoi pas? Alons-y! (And, if the answer is no, can I change your mind?)
- Então, ama-me nesta página, infinito enquanto dura, que o meu olhar no teu está a falar de nossa paixão indulgente e, apesar do bulício, dos ruídos, das mentiras, dos olhares e de tudo, my love, confesso que your smile is the sweetner, it really makes my day, and that everytime that I get close to you, you're making me weak with the way you look through those eyes...
- O que eu quero é catarse: a tua catarse. Deixa-me saltar daqui, dessa página, e tocar teu rosto com minhas mãos calejadas das cartas que te redigi! Meet my kiss, we're alone, nobody is watching, can a kiss splash all over you? Oui, quand on a que l’amour, mon amour, toi et moi pour qu’éclate de joie chaque heure et chaque jour !
- Ah, mas tuas lágrimas estão a escorrer pela minha face, coração! Desde que o samba é samba, a tristeza é mãe. In a way, I used to play for all the loneliness that nobody notices now... por que tanto dessa solidão, amado?
(Too many options may kill a man, - loving is good, if not understood - but you're a professor and you think you should know, hell, you don't know!)
- Não faz mal, amor... on va jouer et danser, oublie tout les autre! Tu e eu, somente, na estrada e no vento ao rosto e na música extasiante, num mundo que sequer desconfia de nós: let's love like a sunset, on va faire ce tas de plaisirs, de frissons, de caresses, de pauvres promesses! Seremos Bentinho e Capitu, Romeo and Juliet, Julien Sorel et Mathilde de La Mole, tout on peu! Allons-y?
(Le silence n'ose pas dis-donc quand on est ensemble, mettre les mots sur la petite dodo...)
- No, honey, do not tell me I'm getting big ideas and that they are not gonna happen: I'm nude, you can see straight through me, don't you shiver, ne me quitte pas!
- That's not the way it should end, that's the way it should begin! Les gents croient qui tu me touches pas, mais tu me touches, mon petit vieux, c'est beau tes rides autour des yeux...
- I can't spell it out for you, no, it's never going to be that simple, if you just realized what I just realized: for you I bleed myself trying...! Still, I wanna play the game. I want the friction!
- Psiit! Our time is running out, our time is running out, se nos pegarem, diremos que foi irrefreável e irracionalmente humano. Allons-y?
(and if even though we have to say goodbye, keep me in mind, keep me in mind, keep me in mind)

Meu


Não irei chamar-te diário, pois esse nome não fará juz ao que és, de fato. Veja bem, não é que não mereças ser visitado assim, tão amiúde, todo papel em branco é digno de ser escrito sempre. É a minha alma que, mui pequenina, esboça ainda as primeiras sílabas, ainda não entende de rimas, ainda dedilha pouco os versos pela lira, ainda canta acanhada e em raros dias. Peço, no entanto, que me concedas sempre a mão para dançar comigo ao som de minh'alminha melódica.
Não chamarei teu nome como amigo, porque não me tocarás o rosto para me dizer 'está tudo bem', não virás abraçar-me em consolo, nem irás amar-me incircunstancialmente. Um dia, também, eu não poderei estar contigo, contudo, serás por mim querido, e te guardarei e te cuidarei com zelo, como com nenhum outro livro, nenhum outro escrito.
Clamarei, porém, em prantos por teus confortos em minhas aflições, e serás silêncio mudo. Cantarei, também, como os pássaros poesias em altíssono, mas serás em meus cantos silêncio pacífico.
Silêncio este que tu deixarás tatuado em meu peito exausto, amargurado às noites nubladas. Esse silêncio que escorrerá do meu coração selado em gotas de sangue, do qual, como se soasse a badalada última, ouvirás o pulsar débil em meu seio. Aguardarás o suspiro próximo do fim: a espera, pelo tempo de uma vida inteira - latentes, retornariam o gozo e a angústia, a força e o medo, a paixão e o ódio, a dor e a indiferença, os desejos e as privações e o amor, sublime, em um segundo-. Quando, enfim, o singelo levantar do peito vier e, em meu sopro gelado de morte, for levada nos braços eternamente a esperança, pelo tempo do fim de uma vida inteira. Então, esse silêncio. Esse silêncio imensamente.
Até termos, eu juro, a alma rasgada, esquecida, carbonizada, trocaremos silêncios. Esse silêncio das palavras redigidas, com que canto. O silêncio das questões arraigadas em meus ditos, e o silêncio das tuas respostas a mim: pois bem, silêncio. Em silêncio querer-te-ei vivo, para me acalentares como amigo - que deveras não és -, mas sempre serás esse silêncio de quando escrevo. Meu silêncio.
Serás Meu, apenas Meu.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Barulho (O Diário de Ela - VII)

Fique sabendo que eu vou desinibir a tua indiferença medrosa, o teu olhar oceano congelado se liquefará, que distante eu o vi escorrer pela tua face, meu bem... vou despir o teu silêncio engomado, eu vou batucar e vais dançar meu ritmo porque quero, simplesmente! Vou arrancar-te dos teus hábitos fardados, do teu discurso uniformizado, estarás completamente nu, com a tua indumentária profanada, quando eu provocar você, incomodar você, seduzir você... (então, nós vamos fazer barulho, amor...)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Nota (ou como você me-) (O Diário de Ela VI)

eu amo Você assim: gosto e desgosto e preciso e tanto e muito e me desfaço e refaço e traço planos que são partidos em mil pedacinhos solitários e então uno alguns mais bonitinhos no meu trabalhinho de recorte e colagem olha, olha! fiz pra Você! Mas Você diz está errado, não foi você quem recortou, zero.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Meritocracia

Magrites, Shaskespeares, Alencares, Hugos, Malfattis, Warhols, Dalis, Bocas do Inferno, Byrons
Apollinaires, Lispectors, Hemingways, Tolstois, Veríssimos, Kafkas, Goethes
Dantes, Picassos, Poetinhas, Dickinsons, Quintanas, Marinettis, Bretons
Machados, Andrades, Kiplings, Saramagos, Homeros, Monets
Escreviam,cantavam, contavam,
Traduziam, platonizavam
Copiavam, copiavam
copiavam

Negros brancos amarelos verdes diretores inventores pais fanqueiros funkeiros namorados anarquistas doutores imigrantes universitários patifes jornaleiros músicos cegos senhoras moralistas cientistas malucos vítimas ambulantes arruaceiros roqueiros religiosos comediantes nômades mães golpistas empresários
Batedores sambistas cabeleireiros manicuras falantes lojistas psicopatas moradores intelectuais safados médicos filantropos ciganos indigentes cantores desafinados acidentados moleques gerentes cozinheiros taxistas estressados estudantes beldades comerciantes esquerdistas petulantes narcóticos
Pedreiros padeiros conhecidos dançarinos pescadores idealistas coveiros malcriados sabedores paisagistas solteiros palestrantes tarados índios crianças capitalistas oportunistas mentirosos políticos vampiros professores meninas entregadores sonâmbulos moças bebês nazistas convidados polícias
Tolos votantes nerds internautas apresentadores banqueiros surdos caçadores porteiros ricaços solitários paparazis carteiros coxos feirantes amigos críticos comunistas direitistas enfermeiros doentes barbeiros barbudos lobisomens justos adolescentes alienígenas vestibulandos mochileiros amantes rameiras turistas 
Que eram ou não eram até que infinito enquanto durasse.

domingo, 17 de julho de 2011

Um Compêndio

Não é como se ela fosse capturada
Enquanto passa como vento, correndo
Num flash uma imagem num porta-retrato seu.
She'll be gone with the wind.

Não é como se pudesse ser guardada no peito
Tal como sua leitura agradável, um livro predileto
Fechada numa cama, osciosa sobre a cabeceira.
Te confondent que a été dit, alors tu renonces.

Também não é como um projeto seu, 
Esquecido, empoeirado, submisso à espera,
Trancada numa das gavetas do seu escritório...
A verdade é que é ela vai fazer o que bem entender .

She's a ghost in a night(mare), she'll pass
Cours du temps, les pages deviennent vieilles
Há tantas verdades em simplesmente desaparecer
Like the words ne veulent rien dire, ela também....

domingo, 8 de maio de 2011

Chama

Obrigada. Obrigada, imensamente.
 E, então, não cabem mais as palavras. Mas eu insisto nelas. Porque não há qualquer coisa melhor em mim do que estas, que possa pintar, da maneira mais verossímil, uma luz. Mesmo quando, ainda assim, não a alcançam de fato, essas serão a visão mais prima dessa chama linda que arde dentro de mim.
Porque tudo é pequeno demais perto de você. Porque você se faz muito maior que a imensidão de coisas relevantes que há para viver. Porque viver novos sonhos e conquistar longas distâncias não representa absolutamente nada, se antes eu não tiver conquistado e vivido cada pedacinho desse brilho, que se chama Mãe.
Obrigada, mais uma vez.
Afinal, o que há de belo para se mostrar a um Amor que, por não caber todo em si mesmo, construiu morada sob o coração, para que lá fosse, durante nove meses, um pequenino pedaço dessa imensidão?  O que há que seja mais pleno que um Amor que lança no mundo, então, suas expectativas, seus sonhos e suas paixões em forma de vida?
O que há para se dizer quando o seu Amor por mim não mede palavras – tanto aquelas que não deveriam ter sido ditas quanto as que não foram, e deveriam ter sido -? O que há para se dar a um Amor que cede a própria existência em função de mim, sem hesitar?
Não resta nada mais grandioso do que o reconhecimento desse mesmo Amor. Amor esse seu, que não provém das coisas finitas, mas que vem incendiando o céu numa centelha cadente e pousa eternamente sobre a sua alma diamantina, Mãe.
Então, anseio. Anseio simplesmente retribuir à Perfeição, de forma que busco, nessa imagem, uma expressão que toque você, qualquer coisa como uma melodia que venta suave em seu rosto. Uma canção que, pouco a pouco, vai preenchendo o olhar e transborda em gotas áureas. Uma sinfonia inteira que purifica o mundo com uma chuva fresca de Amor, Amor, Amor; de tal maneira que a tempestade flui nos rios, desagua nos mares, contagia tudo, tudo, tudo.
O mundo, enquanto isso, desfruta da sua beleza. A última nota, ela ecoa risonha no silêncio dos rostos.  A plateia sorri, a ama. A sua nota resplandece até o fim. Luz, brilha, até o último flash, a última chama: Mãe...

domingo, 1 de maio de 2011

A Última Peça

Deixou a porta aberta
(para ela entrar)
Recostou-se numa parede qualquer
Seus dedos nas notas a sangrar
(para ela o escutar)

Então, ela a estender-se aos seus pés
Suas mãos a passarem até seu peito
É ela delineá-lo (e seu toque arder)
O violão numa melodia triste
Incicatrizável angustiada

As mãos sobre o pulsar
Ela a deitar nele também sua face
E a ouvir no ritmo a alma
(revelam-se as feridas socadas
para dentro do ser em soluçares mudos)

Ela, má, sorri e olha nos seus olhos.
E olha nos seus olhos
E falsamente o pede perdão,
Diz que era tudo inevitável
(mas é mentira)

Gela seus lábios sua sorte
Toca o seio da sua vida, atravessa-a
Traz para fora essa que ainda nele restava
Foi o beijo da morte

Mas retribui, (treme por causa do frio)
Bebe de sua cicuta mortal
(é sim, mui formosa
negra, pois é a Noite
impassível, glacial,
sem Lua, nem mar
sem planícies
sem linhas

sua língua ama de mentira
mas o destrói de verdade
só que nesta última peça,
Seus lábios queima ele)

A seduz, e ela arde em chamas suas
Toma, conquista seus braços
E dá-lhes o corpo que era seu
E ela goza dele, por ele

(mas falha,
e sabe nada ao certo:
já deveria ter ido, mas sente
sente paixão, sente a vida
é quando perde o medo dela...)

Seus beijos ocupam-se de mantê-la saciada
Saturada, queimada em chamas
(que um dia ao vento serão apenas cinzas)
Rouba a sua adaga do tempo
(enquanto toca seus virgens seios nus)

E a morte sangra, então,
Escorre no tempo um pesadelo negro
Em suas últimas palavras, o amaldiçoa
(a flor jaz morta no chão) 
Deixa com ela seu violão
(uma lágrima sequer, não mais:
sem riscos
sem medos
sem dor
sem ela)

Em sua mão, seu coração
E ele o retorna aonde pertencia
(não como antes,
sem aquela alma angustiada
sem a alma inteira)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mea Maxima Culpa

Lágrima, lave esta lembrança
Junto com a face, leve a lembrança:
Meu arrependimento
Aquela dor
Que é também minha
Aquela ferida
Que não cicatriza também em mim
Embace os olhos, cegue-os,
Os corações já sofreram demais...

Por que não o esquecimento?
Mesmo que vazio, mas sem esta dor
Toda dor que alaga este silêncio
Arraza esta solidão
Corrói por dentro
Destrói aquele menino
Me destrói por isso

Ah, lave a esta tristeza
Aquela daquele menino
A sua que é também a minha
Latente
Silenciosa
Será que vai não ter fim?

Lave, leve esta morte, esta mea culpa
Porque me deixou aqui em vida desfalecida
Por terem levado um menino inocente,
Aquele menino inocente da minha sentença

E eu não me entreguei, levaram-no
Eu não me entreguei, levaram-no
E não restou-me sentença alguma
Mas morte, mea culpa
Mea culpa

terça-feira, 29 de março de 2011

Ritornello

Tan, tan, tan, TAAAAAAN
À NOITE! 
A DOR EXCRUCIANTE, VINDA DA ALMA
RASGANDO O PEITO, TOMANDO CONTROLE, marcato:
AS LÁGRIMAS GELADAS, GÉLIDAS, MÓRBIDAS
PINTANDO A FACE, COLORINDO O ROSTO DE PRETO. (DE PRETO...)
ENTÃO, AS LAMENTAÇÕES PESAdas, carregadas, malévolas... (malévolas...)
(angústia...)

(angústia...)

Silêncio.

ROMPENDO O SILÊNCIO, PLANGENDO HARMONIA, legato
SEM RITMO E SEM COR E SEM ALEGRIA E FRAca doída...
staccato, OS GRITOS PUNGENTES, DESESPERADOS, o erguer da batuta. 
(Desesperados...)
- AAAAAAAAAAAAAAAI! AAAAAAAi! Aaaai....ai...por quê? por que, meu Deus, por quê? - do Sol ao Dó, da voz ferida ao silêncio, e o silêncio de novo, de novo...

Silêncio.

Silêncio.

Primeiro, a batuta:
A INDIGNAÇÃO VIVA, sussurante, CRÍTICA, IMENSA, INTENSA, ARDENTE!
Então... então... Vem nascendo, tomando, abundando, sarando, curando por dentro!
Depois, legato, RESSURGE ESPERANÇA esperança, esperança! (espero...)
staccato, então, o sorriso brilhante, cintilante, luzente. Luzente... (luzente...)
TRAGANDO, DESTRUINDO escuridão que tomava o coração, meu, meu coração. O coração... (o coração...)
marcato, felicidade... A FELICIDADE vem e DANÇA, tem nome, Aurora, e os sorrisos... SORRISOS
Ah, a felicidade, enfim.... (felicidade...)
(felicidade...)
(felicidade, enfim...)
...A felicidade lenta...
(shhh!)

Retoma a batuta:
Fe, li, ci, da, de:
E infinita, ao lusco-fusco da manhã:
(ah, felicidade...)
(A felicidade, enfim...)
(A felicidade...)
(Felicidade...)

Sussurra: 
(a felicidade...)
(felicidade...)
(feli...)
(cida...)
(cidade...)
(fé...)
(shhhhhh)
(sorrisos)
lá vem a grande alvorada:

Silêncio...
(shhhh!)

Silêncio...
(sh...)

Silênco...
(s..)

Silêncio:
(Sorrisos...)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre A Décima Sétima Rosa

Esses dias, vagando por uma rua
Perdi meus olhos numa vitrina.
E deixei-os esquecidos lá, desde então.

Seria somente mais uma outra qualquer,
Como aquela rua antes também não me importaria
Mas é sobre o que a vitrina continha:
-Ah, uma rosa vermelha ela incluía...

Em outro tempo, ela também seria
Vã como a rua, como aquela fortuita vitrina.
Mas se aproximava o dia em que eu sentiria
Falta de uma rosa, talvez tão simples como aquela:
Era a tua rosa, minha flor, era tudo sobre a rosa tua
Ganhara quatorze, quatorze lindas rosas tuas.
Rosas, brancas e amarelas...
A décima quinta seria vermelha, me prometeras.
Pois bem, não mentiras, deveras,
A tua última rosa viera até antecipada.
A tua rosa póstuma, vermelha de sangue, me deixaras...

Então, me delongo, estarrecida, até o dia que se acerca.
Diante da vitrina da rosa como a tua, minha única Flor,
Será apenas mais um dia para lembrar da rosa póstuma,
Aquela que descansou sobre teu rosto florido de alegria celestina,
Uma rosa vermelha, aquela que me arrancou minha Rosa (dos ventos)...

E eu prostrei-me inerte perante as minhas memórias tuas, arraigadas.
Doeu no peito ao lembrar-te assim...(eram minhas as rosas, as rosas tuas...)
Guardo em segredo, porém, as dores e lamúrias:
- Pois, Rosa, eu sei que vês em minha postura o ceder...

É por isso, Flor, que eu choro debaixo da promessa de um fim:
Hoje, desfaleço, sem vigor, definho exausta sobre a terra encharcada
- Eu sei, Flor, prometi ser forte, mas hoje não...
À alvorada, no entanto, verás impetuosa a luz do meu florescer!
Depois do orvalho, então, me reerguerei para os raios de Sol e sorrirei:
Mas não hoje, não sem a tua vermelha rosa...

É que mais um ano se vai em vão,
Porque eu sei que o teu presente não estará sobre a minha mesa...
Como a décima quinta, a sexta e a décima sétima rosa, então.
- Ah, como que eu quis que aquela na vitrina fosse de qualquer outra cor!
Mas vermelho escarlate, não.
Porque era a ela de presente quem eu mais queria...


À minha Rosa, aquela diamantina, que brilha intensa, imensa no céu: À Vovó Edy.
Camille Lyra

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Palavrinhas Ingênuas

E se eu disser que quero você?
O que fará?
E se eu disser que estou me apaixonando?
O que dirá?
E se eu disser que te amo?
O que será?

Não sei, não sei...
Mas talvez vez eu queira você, deseje você, ame você ...
 
E se você disser que me quer?
O que farei?
E se você disser que está se apaixonando?
O que direi?
E se você disser que me ama?
O que será?

Não sei, não sei...
Mas talvez você, como eu. Talvez.

Não sei, não sei.
Eu temo que não. Eu desejo que sim.
Mas eu não sei, não sei.
Porque e se for sim? E se não?

Não sei, não sei.
Mas as palavras não sabem mesmo.

O que os olhos veem
O que a pele sente
Por quê o coração saltita no peito
Ou por quê a alma inquieta-se dentro de mim

Quando você me olha assim...
Quando você me acaricia assim...
Quando você passa, simplesmente!

É que as palavras, burrinhas, coitadas, não sabem
Como é quando eu penso em você....

Por Camille Lyra

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

(Des)Enamorados

O amor das palavras
É mentira.
O amor dos apaixonados
É passageiro
O amor de verdade
não cabe em palavras
O amor sincero
não cabe em verdades
O amor genuíno
não cabe junto com a humanidade
que há em mim,
que há em você, meu bem.
Então, o que será de nós?





...ou deixará de ser?

Por Camille Lyra

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Da Brancura

Despertei de noite ao ouvir você chorar. Você ainda estava deitada ali, exatamente onde nos desejamos boa noite. Nós precisávamos que fosse boa, porque o escuro já havia sugado toda força que havia em nossas vidas para acreditar. Acreditar tendo fé. Fé de que a sua dor passaria logo. Fé de que encontraríamos uma cura para toda essa dor perversa que te consumia. Seu corpo tremia, mas você olhava para mim, está tudo bem, eu não me sinto mal, você quase implorou que eu acreditasse. Eu comecei a chorar. Não era justo que fosse você, e não eu. Eu sentia a sua dor como você teria sentido a minha, como você sentiu todas as minhas.
Deitei ao seu lado. Vai ficar tudo bem, você me dizia, você só precisa ter fé, mas eu já não sabia se ainda podia acreditar. O chão estava gelado, eu cobri você com o meu amor machucado, e se eu der um beijinho onde dói? você vai se sentir melhor?, e amei você com o meu cobertor: verdade, eu não estou com frio , pode ficar. Meu coração escorria pelo meu rosto, o frio rude alcançava minha alma e meu sangue quase parava de correr. Não vou deixar você, não vou. Não me deixe também, fica aqui comigo; sussurrei.
Você vinha enxugar as minhas lágrimas com seu pelo. Era o meu pompom alvo, branquinho, de algodão, meu floquinho de neve. Você colocou o focinho sobre o meu pescoço, não chore, eu te amo, segredou. A dor debilitava seus movimentos, mas você, com muito esforço, se aconchegou ao meu lado. Era você que doía,e ainda se compadecia de mim. Tudo doía mais ao perceber que era você quem me consolava. Não é justo com você, e eu não consigo te fazer melhor, não é justo!, você suplicou com os olhos luzentes que eu não sofresse também. Mas como posso eu não sofrer? você também não me deixaria, se eu estivesse doente assim. Você, me enchendo de beijinhos na bochecha, concordou com o que eu disse.
E eu me arrependi.
Me arrependi de cada vez que eu briguei quando você me lambia o rosto. Cada vez que eu briguei quando você roubava meus sapatos por eu não te dar atenção. Me arrependi de quando mandava você parar de latir, agora eu sinto falta do barulho que você fazia. Me arrependi de não ter corrido pela casa com você exatamente todas as vezes que você mordeu meus tornozelos, me chamando para brincar de pique-pega. Sinto falta de você correndo pela casa. Sinto falta da companhia que eu tinha para caminhar na rua, entretida com meus pensamentos distantes. Você alcançava todos eles. Sinto falta de você para segredar meus segredos mais secretos. Sinto falta da vida com que você iluminava essa casa. Sinto falta da alegria que você iluminava em mim. Sinto sua falta, minha única, minha verdadeira melhor amiga.
Sabe, era uma tarde de Dezembro e eu estava brincando no meu quarto, já estava de férias da escola. Nesse dia, vovó tinha me dito que nós iríamos receber uma visitante, viria de mala e cuia, e iria ficar por um tempo morando conosco. A mamãe chegou mais cedo, a campanhia gritou e eu saí correndo para falar com ela para descobrir quem era essa tal visitante misteriosa. Vovó abriu a porta e mamãe apareceu com uma caixa de papelão enorme. Surpresa!, ela e vovó sorriram para mim. Eu não tinha entendido nada, fiquei curiosa, quis saber o que tinha naquela caixa. Corri para olhar para dentro dela e foi quando eu e você nos vimos pela primeira vez.
Você era pequena demais para aquela caixa monstruosa. Você era o meu presente de Natal pequeno e assustado. Quer ser minha amiga?, você me lambeu e eu passei a amar você. Com um beijinho você me conquistou. Um beijinho de amor.
Qual vai ser o nome dela, mãe? Não sei, filha, você quem escolhe. Pode ser Bianca, mãe?, porque me lembra branca.... Por que não Bia, filha ?, disse papai que tinha entrado pela porta depois da grande surpresa, combina mais com ela. Vovó mesma gravou depois Bia na sua coleirinha vermelha. Mas a gente sempre soube que Bia é de Bianca, claro. E Bianca porque você é Branca. Pura.
Você, o meu algodão de amor alvo, permanecia ali a me ouvir tagarelar. Você tinha toda a paciência do mundo. Você sempre me respondia com lambidas quando eu deitava ao seu lado chorando problemas, medos e angústias. Você ali era a mesma, esperando por mim todo tempo do mundo.Você sempre cuidou mais de mim do que eu de você. Sempre.
Você deixou escapar, então, um olhar lânguido, você estava cedendo à dor. Peguei sua pata. Você ma estendia, para que eu não ficasse com medo vendo você sofrer. Por favor, Deus, não deixe ela morrer!, eu chorei aflita. Era o temor frente à possibilidade de te perder pra sempre. Não. Ainda não posso suportar isso. Ainda é cedo demais... fica comigo, não vá! você é a minha melhor amiga, não é? então fica! ah, céus! como sou egoísta.. não é justo com você.. por favor, não deixe que ela sofra, Pai, por favor! se você pode me ouvir daí, por favor, me ajuda a ter fé de que vai ficar tudo bem, por favor!, eu clamei, num pranto agonizante.
Eu e você passamos, juntas como sempre, mais uma noite ali, deitadas no chão frio. O seu choro era o meu choro, a sua dor, a minha também. Éramos eu e você. Nós duas. Uma amizade só. Que seria para sempre. Independente da dor. Independente do tempo. Independente das falhas. Para sempre, Bia.

Quem sou eu

Minha foto
Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.