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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sentimentalismo Exarcebado (O Diário de Ela - I)

24-25/08

Como se fossem uma lança transpondo-me a devoção, seu olhos perfuram a minha essência. Sou desnudada pelo seu olhar, invadida por ele. Um olhar soberbo, arrojando-me sobre um oceano verde sem-fim, infinito.
Ah, o desejo! O anseio por possuir tais águas cristalinas inclina-me o querer sobre o segredo, torna-se translúcido perante os olhos seus. Transparece em mim o almejo de fluir nas águas de meu amor; almejo tê-las só minhas, almejo entregar-me a elas num sentimento intenso e profundo, afiado como a lamina trespassada em meu coração.
Entretanto, lanço-me nos braços seus somente em meu silêncio gritante. Guardo as palavras, num egoísmo imenso, sem revelar-lhe o gozo do qual desfruto em sua presença magnífica.
Ahhh... o prazer que eu quis primeiro, ao descobrir naquele oceano a fonte de minhas insanas ideias. Elas feitas de um desfrutar suave, como a carícia de uma pena, e bruto, na emoção aflorando pela intensidade de um desejo amiúde.
É por compreender o cliché de todo impulso meu nascido em ondas sagradas, vindas daquele verde intransponível, que tranquei toda declaração, toda verdade, todo querer em meu não-dizer, tão caro para minha alma.
Temo qualquer desprezo por mim que possa brotar no dono do olhar profuso. Temo perder a chance de tentar, por não tentar. Temo errar e não mais ser livre para arriscar passos na direção de seu colo seguro.
Ah, a angústia! A angústia desse querer platônico sobrepõe todo pensamento outro, que não venha exaltar as vozes de minha paixão fascinante, ébria. Eu só penso nele.
Eu quero a ele mais do que desejo fazer grandes estas palavras. Sei que ele ama palavras até mais do que eu mesma, mas as palavras são apenas palavras, palavras e palavras. Anseio a sensação verídica - como percebo o vento tocando minha face-, anseio pela carícia verossímil de suas mãos- e assim saber que é o vento soprando sobre mim-, anseio pela luta verdadeira de nossos lábios, um pelo outro. Anseio mais que meus pensamentos, mais do que puros sentimentos.

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.