Entre, leia e ouça-me...

terça-feira, 29 de março de 2011

Ritornello

Tan, tan, tan, TAAAAAAN
À NOITE! 
A DOR EXCRUCIANTE, VINDA DA ALMA
RASGANDO O PEITO, TOMANDO CONTROLE, marcato:
AS LÁGRIMAS GELADAS, GÉLIDAS, MÓRBIDAS
PINTANDO A FACE, COLORINDO O ROSTO DE PRETO. (DE PRETO...)
ENTÃO, AS LAMENTAÇÕES PESAdas, carregadas, malévolas... (malévolas...)
(angústia...)

(angústia...)

Silêncio.

ROMPENDO O SILÊNCIO, PLANGENDO HARMONIA, legato
SEM RITMO E SEM COR E SEM ALEGRIA E FRAca doída...
staccato, OS GRITOS PUNGENTES, DESESPERADOS, o erguer da batuta. 
(Desesperados...)
- AAAAAAAAAAAAAAAI! AAAAAAAi! Aaaai....ai...por quê? por que, meu Deus, por quê? - do Sol ao Dó, da voz ferida ao silêncio, e o silêncio de novo, de novo...

Silêncio.

Silêncio.

Primeiro, a batuta:
A INDIGNAÇÃO VIVA, sussurante, CRÍTICA, IMENSA, INTENSA, ARDENTE!
Então... então... Vem nascendo, tomando, abundando, sarando, curando por dentro!
Depois, legato, RESSURGE ESPERANÇA esperança, esperança! (espero...)
staccato, então, o sorriso brilhante, cintilante, luzente. Luzente... (luzente...)
TRAGANDO, DESTRUINDO escuridão que tomava o coração, meu, meu coração. O coração... (o coração...)
marcato, felicidade... A FELICIDADE vem e DANÇA, tem nome, Aurora, e os sorrisos... SORRISOS
Ah, a felicidade, enfim.... (felicidade...)
(felicidade...)
(felicidade, enfim...)
...A felicidade lenta...
(shhh!)

Retoma a batuta:
Fe, li, ci, da, de:
E infinita, ao lusco-fusco da manhã:
(ah, felicidade...)
(A felicidade, enfim...)
(A felicidade...)
(Felicidade...)

Sussurra: 
(a felicidade...)
(felicidade...)
(feli...)
(cida...)
(cidade...)
(fé...)
(shhhhhh)
(sorrisos)
lá vem a grande alvorada:

Silêncio...
(shhhh!)

Silêncio...
(sh...)

Silênco...
(s..)

Silêncio:
(Sorrisos...)

3 comentários:

  1. Ameei esta, Camille.
    principalmente no que diz respeito ao final, eu achei mt bem bolado !

    parabéns! você a cada dia me surpreendendo mais e mais.
    To achando que alguém vai largar a medicina pra fazer letras, heim !

    auhasuhas

    amo você, minha poetiza {:

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  2. Bem... estou realmente impressionado, poema quase teatral, com uma carga emotiva forte. Você realmente sabe transparecer bem o que sente para o texto, Camille, e isso é um talento exepcional e bem raro. Invista nisso!!

    Não sei se vc está lembrada de mim, mas vamos lá né ?? Eu sou o Pedro, monitor de Gramática (ex monitor álias...). Desculpa não ter comentado antes, mas agora é que eu parei e pude me surpriender com o seu texto. Como eu já disse e repito : vc sabe se expressar tão bem, e gosta tanto de faze -lo, que talvez vc poderia reservar mais tempo para seus textos... o que é difícil sendo uma doutora. Enfim, voltarei aqui mais vezes para conhecer melhor o seu blog e suas histórias.
    Abraços do seu novo fã. Pedro

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  3. Elaynne: Ah, amor... te amo! Seu carinho é tão importante aqui... =)

    Pedro: Obrigada! Espero que você goste, mas também diga quando não gostar... As críticas são tudo!
    Espero que vc esteja aproveitando a sua vida out-of-ph, deve ser (ou não) bem mais tranquila, né?
    haha

    Beijoos

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Quem sou eu

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.