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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre A Décima Sétima Rosa

Esses dias, vagando por uma rua
Perdi meus olhos numa vitrina.
E deixei-os esquecidos lá, desde então.

Seria somente mais uma outra qualquer,
Como aquela rua antes também não me importaria
Mas é sobre o que a vitrina continha:
-Ah, uma rosa vermelha ela incluía...

Em outro tempo, ela também seria
Vã como a rua, como aquela fortuita vitrina.
Mas se aproximava o dia em que eu sentiria
Falta de uma rosa, talvez tão simples como aquela:
Era a tua rosa, minha flor, era tudo sobre a rosa tua
Ganhara quatorze, quatorze lindas rosas tuas.
Rosas, brancas e amarelas...
A décima quinta seria vermelha, me prometeras.
Pois bem, não mentiras, deveras,
A tua última rosa viera até antecipada.
A tua rosa póstuma, vermelha de sangue, me deixaras...

Então, me delongo, estarrecida, até o dia que se acerca.
Diante da vitrina da rosa como a tua, minha única Flor,
Será apenas mais um dia para lembrar da rosa póstuma,
Aquela que descansou sobre teu rosto florido de alegria celestina,
Uma rosa vermelha, aquela que me arrancou minha Rosa (dos ventos)...

E eu prostrei-me inerte perante as minhas memórias tuas, arraigadas.
Doeu no peito ao lembrar-te assim...(eram minhas as rosas, as rosas tuas...)
Guardo em segredo, porém, as dores e lamúrias:
- Pois, Rosa, eu sei que vês em minha postura o ceder...

É por isso, Flor, que eu choro debaixo da promessa de um fim:
Hoje, desfaleço, sem vigor, definho exausta sobre a terra encharcada
- Eu sei, Flor, prometi ser forte, mas hoje não...
À alvorada, no entanto, verás impetuosa a luz do meu florescer!
Depois do orvalho, então, me reerguerei para os raios de Sol e sorrirei:
Mas não hoje, não sem a tua vermelha rosa...

É que mais um ano se vai em vão,
Porque eu sei que o teu presente não estará sobre a minha mesa...
Como a décima quinta, a sexta e a décima sétima rosa, então.
- Ah, como que eu quis que aquela na vitrina fosse de qualquer outra cor!
Mas vermelho escarlate, não.
Porque era a ela de presente quem eu mais queria...


À minha Rosa, aquela diamantina, que brilha intensa, imensa no céu: À Vovó Edy.
Camille Lyra

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Quem sou eu

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.