Entre, leia e ouça-me...

terça-feira, 8 de junho de 2010

A camisa que você deixou aqui,

talvez só para ter esta certeza. A certeza de que eu nunca iria esquecer que você foi embora. Você mentiu. Disse que iria voltar... você nunca pretendeu voltar.Mas você precisava ao menos tentar se tornar uma parte em minha vida; porque você entendia que partes são partes e, quando passam, formam um Todo maior. ( Você nunca quis assumir todas as responsabilidades, Amor. E eu me sinto bem, é verdade, assumindo-as com ou para você.) Só que você sempre foi Tudo, nunca uma parte.
O seu perfume, aquele com o qual você impregnou a camisa, eu sei,  foi para fazer lembrar de como foi perfeito o teu corpo e o meu, aproximando... tem o cheiro do nosso amor nas noites mais longas. Pelo menos enquanto distante, você quis ter a certeza de que eu sorriria uma vez ou outra, com tal lembrança. Obrigada, Querido.
Você sabia que eu a guardaria naquele canto, onde você escondeu a aliança, e também os chocolates, bilhetinhos, presentes. A verdade é que o que eu queria mesmo era você e nada, nada mais me faltaria.
E eu sei também, você quase pode contar as noites em claro que eu passaria esfregando-a em meu rosto (como se uma camisa pudesse suprir o afago das tuas mãos em minha face). Ah, e é claro que foi absolutamente previsível pra você que o único líquido que a alcançaria seria aquele salgado, o das minhas lágrimas angustiadas.
Você nunca subestimou o meu amor devoto por você, isso não. Mesmo sem compreender, sabia do medo que eu tinha de te perder. Você sabia que esse era o meu único medo.
- Então, por quê?
Por que não disse logo que era o fim? Teria me poupado tempo. Não adianta, meu Amor, as escolhas são inevitáveis, vão muito além dos anos (eu escolhi você, o problema é meu. A dor e o erro poderiam ter sido só meus, e ponto final.). O tempo não me fez esquecer, se foi isso que você tinha planejado, não.
Mas o tempo me transformou sim, não em alguém melhor ou pior (não importa, realmente, desde que eu fosse sem você), ele fez de mim a expressão viva da falta que você me faz. Eu sou o significado da ausência.
A propósito, ausência não é esquecimento, nem sequer crescimento algum, você se enganou, meu querido. Ausência (mais que a dor, a miséria e vazio - nessa ordem) é a loucura. Loucura que dissolve a sanidade dia e noite, sem cessar.
Saiba então, que você estava certo em quase tudo; e sim, eu te amo mais a cada novo agora.  E, por desacreditar dessa, a melhor (ou pior) certeza de todas, é que você não pode prever: eu quis te livrar de ser Tudo (se eu me tornasse uma parte do nada, e passasse; então não haveria mais culpa pela minha dor)...
Meu amado, o fim que você não pode dar à nossa história, eu o faço por você: 
"A camisa que você deixou, aqui ficou, machada da cor vermelha do meu insano amor ..."



9 comentários:

  1. pow esse texto eh bem pesado, diferente dos outros.
    tem umas parte bem dramaticas, espero q seja apenas o eu-lirico, e não vc...

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  2. Bom, Anônimo misterioso, saiba que meu ânimo é melhor para responder quando você se identifica. ^^ '
    However, é sim, um texto mais pesado. Mas, como vc é um leitor assíduo do meu blog, poderia ter percebido que os meus textos ultimamente têm estado mais pesados, menos fantasiosos e mais obscuros.
    E, por mais que esse texto esteja completamente dramatizado, foi sim inspirado em uma situação real, como todos os outros textos deste blog. Agora, a parte que diz respeito a mim e a parte que diz respeito ao eu-lírico apenas, cabe a você decifrar[ou não].
    Nesse caso, como conta por traz a história de outro anonimo.. vc provavelmente vai sacar. ;)

    ;*

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  3. "insano"...
    Amo essa palavra.
    E é perfeito pra descrever esse texto.
    Insano, trágico, agressivo, retumbante.
    Adulto.
    É, tem essa palavra também.
    Adulto, experiente, conhecedor.
    Louvável. (;

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  4. Garota,vc tem muito talento!Vai longe mesmo...parabéns!Eu estou hoje lendo todos os seus textos com calma e vejo que você vem melhorando cada vez mais!Bjão!

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  5. Ah, muito obrigada mesmo!
    Eu me sinto realizada ao perceber que pessoas que são exemplos pra mim têm visto valor nas coisas que escrevo... isso é o que conta mesmo, de resto, pouco importam as opiniões alheias.
    A sua opinião de amigo e de professor é muito valiosa para mim! ;D
    Beijooos!

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  6. A minha amiga é uma artista :D
    Parabéns Camille, você manda muito bem!

    Não se esqueça do que eu te falei sobre o concurso. O tempo está passando.

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Quem sou eu

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.