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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Insanidade (O Diário de Ela - III)

01/09

- Faz bem jus ao título você aqui travando diálogos consigo mesma. Vim te fazer companhia, posso?
- ATÉ parece que você faria isso pra valer. Me fazer companhia... pff! E o título não é por isso, nadaaver. É pela forma como eu me sinto, não pelo modo como estou pensando agora.
- Ei, eu já sentei ao seu lado pra valer, tá?! E você se lembra muito bem disso. Não pode esconder nada de mim aqui dentro, bobinha. Vê se para de doce, quisso me irrita. Homem não gosta dessas coisas.
- E você quer que eu seja o quê? Dada?! Mas não mesmo! Nem apaixonada, nem bêbada, nem insana, nem pela possibilidade efetiva de ter você.... tá, quem eu estou enganando aqui? Já disse mais do que deveria antes. Já apressei as coisas. Troquei os pés pelas mãos. Droga, não deveria ter contado a você, não deveria...
- Porra, quer parar de se auto flagelar? Que saco!
- Tá vendo? Nem aqui você me suporta...
- Eu te suporto sim. Não quero é ver você se perder em uma idealização tola. Nem mereço isso tudo. Não mereço essa imensidão toda nas suas lágrimas. Não quero você por aí, chorando pelos cantos da noite por minha causa. Não há necessidade disso. É o que é e ponto. Você vai me esquecer, terá sido só um sonho mau e pronto, passará. Vai ser melhor assim.
- Mas eu não quero o que vai ser, eu quero o que é melhor. E eu até deixo você me chamar de hedonista, se mudar de ideia...
- Não vou me aproveitar de você só porque bebeu uns copos a mais de paixão. Putz. Essa metáfora ficou uma porcaria.
- É, eu esperava menos e mais de você. Menos porque eu queria que você se aproveitasse de mim, e mais porque a metáfora está uma merda mesmo. Principalmente pelo personagem que você representa aqui.
- Olha, você é linda, charmosa, inteligente, mas não vou...
- QUER PARAR COM ISSO?
- O que foi?!
- Você NÃO tem o direito de ficar repetindo o que ele me disse. Se quisesse levar um fora, procuraria falar de verdade com ele, de novo.
- Mas é verdade. Você é isso. E muito mais. Não fomos só eu e ele quem disse isso. E você sabe disso.
- Dane-se se é verdade ou não! PO! Nem aqui você me leva a sério?? EU NÃO ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ! EU SÓ QUERO CURTIR!! Está bom assim? Se eu fosse uma puta você me beijaria? Você foge de mim só porque meus lábios diriam verdades? - Não, não seriam absolutas. Eu sei que você não acredita nelas  - Eu só quero que seja infinito enquanto dure..
- Ou enquanto..
- Cala a boca! Não quero ficar rindo sozinha das suas piadas. Isso é tão estúpido!
- A paixão é estúpida, querida.
- Eu sou estúpida mesmo! Estúpida é essa conversa maluca. É estúpido eu querer você da forma como eu quero. eu me conter tanto perto de você. Céus, haja auto controle...
- Noooossa, que menininha mais safada!
- Me poupe, tá ?
- Você às vezes é tão ácida. Sabia que isso deve te afastar dele na vida real?
- Não posso ser 'docinha' o tempo todo. Você sabe que quando você, quando ele está perto... Bom. Você sabe. Eu não posso sair fazendo o que bem entendo lá. Nem com ele.
- Sei. Mas não precisa fingir que ele/eu não existe/o.
- E VOCÊ QUER QUE EU TE LEMBRE COMO EU FICO QUANDO EU SEI QUE ELE EXISTE?
- Não precisa. Seu escândalo é auto explicativo.
- Sabe. Eu podia acabar com tudo isso agora mesmo.
- Ahhhh! Pelamordedeus! Me poupe dos devaneios mórbidos... você sendo dramática já me dá bastante trabalho. Depressiva não, por favor!
- E você acha mesmo que eu perderia minha vida por isso? Pff.. Isso não passou nem pela minha cabeça (só agora, né? affe!). Não seria tão idiota a esse ponto. Não me sinto TÃO insana assim. Eu disse que se eu quisesse, eu voltava atrás. Eu posso. Tudo isso é evitável. Mas eu não quero voltar.
- Você comeu merda? Se livra logo de mim e para de sofrer. Deixa disso.
- Foi você quem disse que um pouco de angústia faz bem também. Não que eu não soubesse disso antes, afinal você não me ensina tanta coisa assim além daquilo que você tem que ensinar. As lições sobre a vida eu já tinha ouvido quase todas antes.
- Você está completamente louca.
- E não me orgulho disso. Mas qualquer coisa com você é melhor do que antes. Sofrer com você é melhor do que lembrar do passado. Melhor do que esperar o passado vir pousar no futuro. É que eu já não posso mais ver voo algum. Não tenho esperança alguma. Estava caindo. Agora, já estou mesmo é no inferno  com você.
- Isso porque você gosta de mim....
- Você não é nem de longe perfeito como o passado. Você não chega aos pés dele. Você é a criatura humanizada que vem me seduzir na sua imperfeição, me anestesiar, enfim. Sofrer por você é anestesia para a minha dor. E você é lindo, por dentro e por fora. Mas a gente escolhe sim quem ama E eu não amo você. Só que preciso de você. Eu preciso me perder em você. Não parar me livrar das minhas noites de solidão, você não é solução alguma. Você é um desvio. Mas a sua solidão repele meus pesadelos. Eu desejo cuidar de você. A sua intensidade me faz esquecer de mim. Os seus olhos, é como se eles fossem quebrar a qualquer momento na ressaca desse oceano de angústia  que você carrega. A sua angústia também não é maior que a minha. Mas é mais instigante. Você é uma caixinha de emoções e sentimentos tão delicada, sempre a ponto de abrir e trazer algo imprevisível lá de dentro.
-...
- E eu anseio fazer parte da sua solidão. Acariciar a sua alma humana imensa. Penetrar na sua essência e me perder no clichê que é você. Estudar isso, que te faz tão peculiar, o fato de você ser tão humano, tão frágil, tão hipócrita, tão triste, tão imperfeito. Perfeitamente imperfeito. Eu preciso dissecar o seu coração, só para descobrir o quanto você é razão, o quanto você é emoção.  Não quero só o que você tem a me ensinar. Quero aprender em você. Quero aprender você. Me deixa?
-...
- Tudo agora é diferente. Nada é agora como era antes. Os princípios mudaram, desde que me dei conta de que estava totalmente imersa neste jogo. E é assim que me sinto insana. Não, eu não me reconheço aqui dentro.  Sou o que antes não era e era o que agora não sou. Sou eu em você, querido. Sou eu. Me deixa entrar, por favor...

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.