Entre, leia e ouça-me...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Da Inércia


Onde está a lira e sua poetiza?
E o querer? O desejo? O anseio?
A avidez? A paixão?
A intensidade? A imensidão?
Onde há de se saber a beleza irremediável de ser?

No amor? Na sabedoria?
Na comunhão? Na solitude?
No bulício? No silêncio?
Na saudade? Na esperança?
Na caridade? No asco?
Na honra? Na perda?
Na justiça? Na conquista?
No sorriso? Na lágrima?
Nas revoluções? Nos descaminhos?
Nas diligências? Nos caminhos?
Nos alfas? Nos ômegas?

Na simplicidade do tempo?
Na plenitude do tempo?
Na eternidade do tempo?
Na permanência da memória?

Na bebê frágil e seus passinhos determinados?
Na menina dócil e suas borboletinhas coloridas?
Na moça de face rubra e seus amores castos?
Na mulher virtuosa e seus feitos grandiosos?
Na senhora sábia e suas palavras exatas?
Na morte branda e naqueles que remanescem?

Quem pode salvaguardar uma vida inteira no ventre para sempre?
Quem é que encontrou a vida órfã numa cesta aguardando à porta?
E o que ou quem há de saciar a inquietude humana?
O que há para curar esse vazio lancinante no peito?
O que há de ser da ciência indesculpável de sermos, simplesmente?
Como refrearemos o amor abundando apaixonado em nossas veias?

Como impediremos a angústia de correr ácida em nossas artérias?
Como vedaremos o peito da infecção?
Como aniquilaremos aquilo que somos em essência?
Como nos desvencilhar de nossa matéria prima?

O que seríamos nós senão humanos?
O que seria de nós senão a humanidade?
O que seria a vida em nós senão a consciência humana?
O que seria, então, a beleza em nós senão a própria vida?

Um comentário:

  1. O que seria do meu agora sem a tua poesia? Mais pobre e igual ao instante anterior. Mas agora tudo mudou - e continua mudando. A poesia é dinâmica. A poesia é viva. A poesia é a vida.

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Quem sou eu

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Camille Lyra. O nome fala muito da feição, tanto na sua significância quanto na sua origem; já o sobrenome faz jus à escrita predileta da autora. Sempre curiosa demais, sonhadora demais, ambiciosa demais, romântica demais, intensa demais. E, daquilo que exceder tudo isso, faço poesia.